Veja o motivo pelo qual a Suíça recebeu uma das maiores tarifas de Trump

01 agosto 2025 às 17h05

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A Suíça foi surpreendida nesta sexta-feira, 1º, com a imposição de uma das maiores tarifas recíprocas anunciadas pelo presidente Donald Trump: 39% sobre produtos suíços importados pelos Estados Unidos.
A presidente da Suíça, Karin Keller-Sutter, confirmou ter conversado com Trump na véspera, mas afirmou que “nenhum acordo pôde ser alcançado”.
Os suíços já estavam preocupados desde abril, quando Trump anunciou a intenção de aplicar uma tarifa recíproca de 31%. A taxa revisada e elevada na noite de quinta-feira chocou ainda mais o país europeu.
As novas tarifas aplicadas por Washington variam entre 10% e 41%, sendo a maior para a Síria (41%). Países da União Europeia, Japão e Coreia do Sul sofrerão uma tarifa fixa de 15%.
Já Costa Rica, Bolívia e Equador tiveram aumento para 15%, enquanto Venezuela e Nicarágua mantêm as tarifas anunciadas em abril, de 15% e 18%, respectivamente.
No caso do Brasil, a tarifa recíproca de 10% anunciada em abril permanece, mas o país também enfrenta uma sobretaxa de 40% a partir de 6 de agosto, totalizando 50%, aplicada como sanção política. Quase 700 produtos brasileiros terão isenção da tarifa adicional.
Suíça e os impactos das tarifas Trump
Em 2024, a Suíça exportou cerca de US$ 60,9 bilhões em bens para os Estados Unidos, incluindo medicamentos, dispositivos médicos, café, relógios e ouro — principal item, com US$ 11,5 bilhões em exportações.
Caso não haja acordo comercial até 7 de agosto, essas exportações estarão sujeitas à tarifa de 39%. A decisão de Trump provocou reações até mesmo nos partidos políticos suíços mais moderados.
O Partido Liberal afirmou que a medida “sabotou décadas de relação excelente e o livre-comércio”. Especialistas apontam que o aumento do superávit comercial suíço com os EUA em 2024 é a principal razão para a tarifa elevada.
Segundo Simon J. Evenett, professor da IMD Business School em Lausanne, o superávit cresceu 56% no último ano, e a tarifa inicial de 31% foi baseada nos dados de 2023.
Enquanto a Suíça enfrenta uma tarifa de 39%, o Reino Unido garantiu 10%, a União Europeia 15%, e a Noruega, 15%, apesar de ainda não ter fechado acordo comercial com os EUA.
O tarifação também atinge fortemente a indústria farmacêutica suíça, que destina cerca de 60% de suas exportações aos EUA. Empresas como Novartis e Roche, que prometem investimentos bilionários nos Estados Unidos, receberam ainda demandas de Trump para reduzir preços de medicamentos.
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