O rapper Mauro Davi Nepomuceno dos Santos, conhecido como Oruam, passou sua primeira noite sob custódia do sistema penitenciário do Rio de Janeiro, após se entregar à polícia na tarde desta terça-feira, 22. O artista, que havia divulgado um vídeo afirmando que “iria se entregar” e prometendo “dar a volta por cima”, foi indiciado pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) por sete crimes.

Após se apresentar, Oruam foi encaminhado inicialmente ao Presídio José Frederico Marques, em Benfica, e posteriormente transferido para a Penitenciária Dr. Serrano Neves, no Complexo de Gericinó, em Bangu, onde permanece em cela individual.

A transferência ocorreu por volta das 20h30 e, segundo informações da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), o cantor segue isolado dos demais detentos e sua audiência de custódia está marcada para a tarde desta quarta-feira, 23. Ainda de acordo com a Seap, ele “passou a noite sem alterações” e está recebendo a alimentação padrão da unidade.

No jantar, jantou feijoada com farofa de milho, salada de folhas e suco. Na ceia, foi servido pão com manteiga e suco. A dieta inclui ainda desjejum com café com leite e almoço composto por frango, arroz, feijão, cenoura cozida e salada de beterraba.

Oruam é investigado por uma série de delitos. A Polícia Civil o indiciou formalmente pelos crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal. A ação policial que resultou no indiciamento ocorreu na noite de segunda-feira, 21, quando agentes tentavam cumprir um mandado de busca e apreensão contra um menor procurado por roubo. Segundo os investigadores, o adolescente estaria escondido na casa de Oruam, localizada no bairro do Joá, zona oeste da capital fluminense.

Durante a operação, a polícia alega que o rapper impediu a apreensão do menor, além de ter ameaçado e agredido os agentes. Também há registros de danos ao patrimônio público e desacato à autoridade. Conforme declarou o secretário de Polícia Civil do RJ, o cantor será responsabilizado por suposta ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), fato que, segundo ele, agrava a situação do investigado.

“Se havia alguma dúvida de que o Oruam seria um artista periférico ou um marginal da pior espécie, hoje nós temos certeza de que se trata de um criminoso faccionado, ligado ao Comando Vermelho, facção que o pai dele, o Marcinho VP, controla a distância de fora do estado, mesmo estando preso em presídio federal”, afirmou o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.

As penas pelos crimes atribuídos ao artista variam de meses a até 12 anos de prisão, a depender da gravidade. Para lesão corporal, por exemplo, a punição pode ir de três meses (lesão leve) a até 12 anos de reclusão (caso de resultado morte). O crime de ameaça, por sua vez, pode render detenção de um a seis meses, ou multa. Já o desacato é punível com até dois anos de prisão, e o dano ao patrimônio público pode levar à detenção de até três anos.

Até o momento, a defesa de Oruam não se manifestou oficialmente. As autoridades continuam apurando o envolvimento de Oruam com a facção e a extensão das atividades ilegais que teriam sido praticadas.

Relembre prisão de MC Poze do Rodo

A situação de Oruam guarda semelhanças com a de MC Poze do Rodo, que também foi preso em maio deste ano e levado para o mesmo complexo penitenciário em Bangu. Poze foi detido por apologia ao crime e por suspeita de vínculos com o Comando Vermelho. As investigações apontam que ele se apresentava em comunidades dominadas pela facção, onde traficantes armados garantiam a segurança dos eventos. Esses shows, de acordo com a polícia, seriam utilizados como fachada para movimentar recursos do tráfico de drogas.

Além disso, as letras de MC Poze estariam sendo analisadas por incitarem o confronto entre facções rivais, promoverem o uso de armas e exaltarem a criminalidade. Segundo nota divulgada pela Polícia Civil, “as letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas”.

Em paralelo, investigações sobre lavagem de dinheiro envolvendo o Comando Vermelho também estão em andamento. Em junho, a esposa de MC Poze, Vivi Noronha, foi alvo de uma operação que investiga o uso de empresas em seu nome para lavar cerca de R$ 250 milhões oriundos do tráfico. Mais de 200 policiais civis participaram da ofensiva para desarticular a estrutura financeira da facção.

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