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Prévia do PIB revela uma queda de 0,99% da economia no Brasil; resultado é pior do que o esperado

Gabriella Oliveira
Rafaela Ferreira

Segundo a prévia do PIB, a economia brasileira recuou 0,99% no primeiro mês de 2022. Os dados divulgados nesta quinta-feira, 17, pela autoridade monetária, mostram também que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (ICB-Br) interrompeu uma sequência de três meses consecutivos de crescimento. Ao Jornal Opção, a economista e analista de mercado, Greice Guerra Fernandes, explicou que o primeiro mês deste ano foi afetado em consequência da Ômicron, variante da Covid-19, que impactou o mercado, provocando a tribulação. Além disso, a Guerra na Europa, entre Rússia e Ucrânia, trouxe consequências financeiras, como a alta no barril do petróleo. 

“Em novembro, a variante Ômicron entrou em 2022 impactando os mercados. Com isso, provocou novamente a tribulação e, em algumas cadeias produtivas, faz a interrupção da possibilidade do contágio. Então, este fator também contribuiu para o recuo do PIB. Já a eclosão da Guerra na Europa, entre Rússia e Ucrânia, trouxe consequências econômicas e financeiras para o Brasil e o mundo. Neste momento, já podemos sentir o efeito nos barris de petróleo, que tem elevado no mercado internacional. No Brasil, isso gera elevações nos valores dos combustíveis. Uma vez os combustíveis aumentados, o custo de transporte e da cadeia produtiva aumentam, que afeta na formação dos bens de consumo”, explicou Greice Fernandes. 

Em dezembro de 2021, a prévia do PIB foi de 0,32%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com essa queda, a especialista também informa que o mercado não esperava uma baixa tão alta. Em comparação com janeiro de 2021, o índice subiu 0,01%, sendo a terceira alta consecutiva nesse tipo de comparação. Além disso, outra alta que o país enfrenta é na Taxa Selic, que passou de 10,75% para 11,75%, o maior patamar em cinco anos.

Já foi divulgado, inclusive, comunicado do Banco Central que aponta previsão de novo aumento de 1% em maio, a partir de uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) prevista para o quinto mês do ano. A partir da nova elevação, a Taxa da Selic deve subir para 12,75. Com o aumento, uma retração da atividade econômica é provocada, uma vez que o crédito fica mais caro. Consequentemente, para o setor produtivo, a retração da atividade econômica desencadeia a retração do consumo das famílias brasileiras. “Uma vez encarecida os custos de transportes, os custos dos insumos, as empresas e investidores retroagem o seus investimentos. Tudo isso impacta na formação do PIB”, disse a economista.

Para os setores

Com recuo do PIB e elevação na Taxa Selic, diversos setores da economia sofrem com queda de produção. Entre eles, a de serviços teve dois meses de alta interrompidos com recuo de 01,%. Atualmente, este setor representa mais de 70% do PIB do Brasil. Já para o setor de indústrias, a retração foi de 2,4% na produção, o que eliminou parte do avanço de 2,9% registrado em dezembro de 2021. A economista Greice Fernandes avalia que todos setores sofreram queda, mas destaca que, além de serviços, o agropecuário e a indústria também sentiram o impacto.

A partir disso, um crescimento econômico significativo no país ainda este ano, é um cenário pouco previsto pela especialista, uma vez que ainda é necessário debelar a inflação. Além disso, a reforma administrativa e o risco fiscal são elementos que impedem um desenvolvimento econômico do Brasil. “As reformas administrativas, como a reforma tributária, foram abandonadas no Congresso. Para o país voltar a crescer, teria que começar com a aprovação dessas reformas estruturais. Outra coisa, é que o risco fiscal do país precisa diminuir. Uma vez diminuído o risco fiscal, o país volta a ter investimentos nacionais e internacionais.” Por fim, Greice também aponta que um crescimento econômico em ano eleitoral é improvável, já que gera insegurança nos investidores nacionais e internacionais.