Uma vacina experimental contra o câncer de pâncreas e colorretal apresentou resultados promissores em um estudo clínico de fase 1, publicado nesta segunda-feira, 11, na revista Nature Medicine.

O imunizante, chamado ELI-002 2P, foi capaz de reduzir a recorrência da doença e prolongar a sobrevida de pacientes que já haviam passado por cirurgia e quimioterapia, mas ainda apresentavam sinais residuais de tumor no sangue.

No ensaio, 25 pacientes — 20 com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal — receberam a vacina após o tratamento convencional. Segundo os pesquisadores, 68% desenvolveram forte resposta imunológica contra a mutação KRAS, associada ao crescimento de tumores agressivos.

Aqueles com respostas mais robustas das células T viveram mais tempo e permaneceram livres da doença por períodos maiores. A ELI-002 2P é uma imunoterapia inovadora projetada para atingir diretamente os linfonodos, centros estratégicos de ativação do sistema imunológico.

Ela transporta peptídeos mutantes do gene KRAS até essas estruturas, treinando o corpo a reconhecer e destruir células cancerígenas com essa mutação.

Embora seja voltada para mutações específicas, a vacina surpreendeu ao gerar, em alguns pacientes, respostas contra outras variações do KRAS não incluídas em sua formulação, sugerindo um potencial efeito ampliado.

Resultados do estudo

Foram 20 pacientes com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal. O tempo médio de acompanhamento é de 20 meses. No câncer de pâncreas, a sobrevida média total foi de 29 meses, enquanto o tempo livre de recorrência foi de mais de 15 meses.

Esses resultados superam os números históricos para pacientes submetidos apenas ao tratamento convencional. O câncer de pâncreas está entre os mais letais, com alta taxa de mortalidade e recorrência mesmo após cirurgia e quimioterapia.

A nova vacina pode representar um avanço importante no controle de longo prazo da doença. “Essa vacina pode ajudar a treinar o sistema imune a reconhecer mutações específicas do tumor e prevenir recaídas”, afirma o oncologista Zev Wainberg, da Universidade da Califórnia, líder do estudo.

Atualmente, a ELI-002 2P está em fase 2 de testes clínicos, com maior número de participantes e protocolos mais rigorosos para confirmar os benefícios observados.

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