Dengvaxia, ainda sem previsão de disponibilização pelo SUS, chega à rede particular em Goiânia. Confira os preços

Foto: Osnei Restio/ Prefeitura de Nova Odessa
Dengvaxia é a primeira vacina contra a dengue e chega e foi liberada esta semana pela Anvisa, para ser comercializada no Brasil | Foto: Osnei Restio/ Prefeitura de Nova Odessa

Após sete meses registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina contra a dengue já pode ser comercializada no Brasil.

Em Goiás, o carregamento da vacina chegou nesta sexta-feira (29/7), para estabelecimentos de saúde associados à Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (AHEG), e a vacinação começa no sábado (30).

Indicada para pessoas com idade entre 9 e 45 anos, a Dengvaxia é produzida pela empresa francesa Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda.  e deve ser tomada em três doses, com intervalos de seis meses entre elas. A vacina, que protege contra os quatro subtipos da doença, já é usada também no México e nas Filipinas.

A médica infectologista que atua na AHEG, Dra. Bethânia de Oliveira Ferreira, vê o início da disponibilização dessa vacina como positivo, mas explica que, por ser uma vacina nova, alguns aspectos precisarão ser analisados ao longo dos anos, como a necessidade ou não de reforço do tratamento com a vacina, por exemplo.

A médica ressalta, contudo, a importância e eficácia da Dengvaxia. “Essa vacina apresenta índices de 60% a 70% de proteção contra a dengue, 80% menos internações pela doença e 90% menos óbitos. Ou seja, com a vacina, o número de casos de dengue deve diminuir e devemos observar casos mais leves da doença, quando houver infecção”, afirmou.

As contraindicações da Dengvaxia são as mesmas de outras vacinas, não sendo recomendada para pacientes com defesa baixa no organismo, como pessoas que têm AIDS e estão com o nível de defesa baixo, pacientes em tratamento com quimioterapia e quem utiliza corticoide em doses altas.

Locais de vacinação

Em Goiânia, dois associados da AHEG disponibilizarão a vacina: a Climipi e a Unimed Goiânia. A previsão de que a Dengvaxia comece a ser aplicada na Climipi é neste sábado (30). Para tomar a vacina, é necessário fazer agendamento. Inicialmente, foram pedidas 1500 doses da Dengvaxia, mas a Climipi informou que poderá fazer novos pedidos de acordo com a demanda.

Cada dose na Climipi custará R$ 280,00 à vista ou R$ 300,00 a prazo, em até seis parcelas. A clínica oferece descontos para grupos. Esse valor é mais alto do que o anunciado nesta semana pela Anvisa (no caso de Goiás, seria de R$ 132,76), pois este é apenas o valor de fábrica. O custo final inclui o valor cobrado pelo distribuidor e a aplicação da vacina, por exemplo. A Climipi está localizada na Rua 147 nº 241, no Setor Marista, e funciona de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 19 horas, e aos sábados, das 07h30 às 13 horas.

Já a Unimed Goiânia informou que está em negociação com o distribuidor da vacina e que, em breve, a vacina estará disponível no Centro de Vacinação. Contudo, ainda não há previsão de entrega, preço final e quantidade da Dengvaxia pedida para a unidade.

O Centro de Vacinação Unimed fica na Avenida Anhanguera nº 6540, no Setor Aeroporto, com horário de atendimento das 08 às 19 horas, de segunda a sexta-feira, e das 08 às 12 horas, aos sábados. A Unimed Goiânia informou ainda que a capacidade diária de vacinação é de 400 pessoas, sendo 200 pela manhã e 200 à tarde, com distribuição de senhas, dependendo da demanda.

A vacina

O Brasil vivencia há muitos anos um grande problema de saúde pública devido ao vírus da dengue. Em 2016, até 11 de junho, mais de 1,3 milhão de pessoas tiveram dengue em todo o país e 318 pessoas morreram em decorrência da infecção pelo vírus.

Fabricada pela empresa francesa Sanofi Pasteur e registrada no Brasil desde dezembro de 2015, a Dengvaxia é a primeira vacina desenvolvida contra a dengue no mundo e só precisava da determinação do valor de fábrica para poder ser vendida. Segundo a Anvisa, a demora ocorreu devido ao ineditismo do produto, já que normalmente a estipulação de preços leva em conta outros produtos semelhantes no mercado.

O imunizante é indicado para pessoas entre 9 e 45 anos, deve ser aplicado em três doses com intervalo de seis meses entre elas. O fabricante garante proteção contra os quatro tipos do vírus da dengue. Segundo os estudos, a proteção é de 93% contra casos graves da doença, redução de 80% das internações e eficácia global de pouco mais de 60% contra todos os tipos do vírus. A capacidade de produção do laboratório é de 100 milhões de doses por ano.

SUS

Apesar de poder ser comercializada em todo o Brasil, ainda não há determinação sobre se a Dengvaxia será utilizada na rede pública. Para isso, o Ministério da Saúde deve fazer estudos sobre o custo/benefício da compra e distribuição do produto e de qual seria a estratégia de aplicação para ter impacto em termos de saúde pública.

Para Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, a decisão do Ministério da Saúde de não adotar imediatamente a vacina é adequada, já que um programa nacional de imunização requer uma visão ampla de como a doença se comporta e de quais seriam as estratégias de aplicação.

“A vacina tem eficácia de cerca de 60% contra os quatro tipos de dengue, mas em termos de saúde pública, para conseguir atingir esses números, quantas pessoas teríamos que vacinar? Todas de nove a quarenta e cinco? Crianças entre nove e dez anos? Adultos? Quem devo vacinar? Que quantidade de vacinas tenho a oferecer? Quantas seriam necessárias para um bom impacto? Com quantos indivíduos vacinados terei impacto?”, questionou o especialista.

Ele ressalta ainda que as estratégias de vacinação em adultos costumam ser bem menos eficazes do que as que têm como público alvo as crianças, já que a adesão é frequentemetne menor.

Desta forma, como uma ação individual, de quem pode pagar, a vacina é uma boa estratégia de prevenção, porém, para a introdução em um programa de imunizações são necessários estudos mais aprofundados. “Em nível de saúde individual, em clínica privada, é um ganho enorme, revoluciona, mas a posição do Ministério da Saúde foi cautelosa e adequada”, pontuou Kfouri. (Com assessoria AHEG e Agência Brasil)