Universitários são presos por operarem esquema milionário de cogumelos alucinógenos no Distrito Federal

05 setembro 2025 às 09h07

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Durante a Operação Psicose, que desmontou um dos maiores esquemas de tráfico de cogumelos alucinógenos no Brasil, dois universitários foram presos em Brasília, no Distrito Federal, por comandarem a produção e venda de psilocibina. Igor Tavares Mirailh e Lucas Tauan Fernandes Miguins foram presos na quinta-feira, 4. O esquema ainda tinha um negócio em Curitiba, que funcionava com alvará da Prefeitura e servia como fachada para a produção dos alucinógenos.
Igor já esteve matriculado nos cursos de museologia, artes cênicas e comunicação social da Universidade de Brasília (UnB), mas não concluiu nenhum; enquanto Lucas é estudante de uma universidade particular. Os dois eram considerados operadores do esquema, mantendo uma linha de produção própria de diferentes espécies de cogumelos alucinógenos.
Eles cultivavam em laboratórios improvisados e ofereciam um catálogo dos produtos em uma plataforma on-line. No e-commerce, o portal oferecia catálogo de produtos com fotos em alta qualidade; detalhes sobre espécies e formas de consumo; pagamento por cartão, Pix e transferências; e entregas via Correios e transportadoras privadas no modelo dropshipping. A dupla também mantinha um grupo de WhatsApp para os clientes trocarem experiências e orientações.

Para entregar os cogumelos, eram enviados por transportadoras privadas e Correios em embalagens discretas. Segundo as investigações da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), o grupo faturava até R$ 200 mil por dia, com ramificações no Distrito Federal, Paraná e Santa Catarina. Eles enviaram mais de 3.700 remessas postais, o equivalente a 1,5 tonelada de psilocibina. Além da venda direta, a quadrilha fornecia drogas para outros traficantes sem produção própria.
Alvará da Prefeitura
A Prefeitura Municipal de Curitiba, por meio da Secretaria Municipal de Finanças, concedeu um alvará de funcionamento para uma empresa de fachada usada pelo esquema. No papel, a empresa atuava no cultivo de plantas de lavoura temporária, comércio de frutas, verduras, hortaliças e produção de mudas. O Paraná abrigava a maior estrutura produtiva do esquema criminoso, responsável por centenas de quilos da droga que abasteciam o comércio.
Investigação
A investigação começou a partir do monitoramento de redes sociais, sites e grupos de WhatsApp que anunciavam os chamados “cogumelos mágicos”. No DF, uma empresa de fachada usava perfis no Instagram para atrair clientes e redirecioná-los para uma plataforma on-line. A base do esquema estava no DF, Paraná e Santa Catarina, onde empresas de fachada camuflavam a atividade ilegal.
A operação cumpriu 19 mandados de busca e apreensão e 9 prisões preventivas em Brasília, Curitiba, Joinville (SC), São Paulo, Belém, Belo Horizonte e Vitória. O grupo investia em marketing digital agressivo, com anúncios pagos, influenciadores, DJs e estandes em festivais de música eletrônica. Além das prisões, foram bloqueados ativos bancários, suspensos websites e perfis em redes sociais e apreendidos veículos de luxo da quadrilha.
No Paraná, a polícia encontrou galpões industriais de cultivo de cogumelos, com centenas de quilos da droga prontos para distribuição. A psilocibina, presente nos cogumelos alucinógenos, é uma substância psicodélica que altera a percepção, a noção de tempo e pode causar desde euforia até episódios graves de ansiedade e paranoia (bad trip). No Brasil, a psilocibina é proibida pela Anvisa (Portaria nº 344/1998), tornando seu cultivo e comércio ilegais.
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