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Com propostas de regulação e sem registros de confronto com taxistas, aplicativo se consolida de vez na capital. Ao que tudo indica, muitos meses ainda estão por vir

No dia 29 de janeiro, há exato um mês, Goiânia passava a ser a oitava cidade a receber o aplicativo Uber. Com a promessa de ser mais confortável, prático e econômico do que o serviço oferecido pelos táxis, a plataforma caiu no gosto dos goianienses e, assim como no restante dos municípios que atua, causou e tem causado insatisfação entre taxistas, que já contabilizam uma queda de aproximadamente 50% nas corridas.

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Revolta de uns, alegria de outros. Quem usa o Uber pela primeira vez torna-se cliente fiel. É o que relata o servidor público Alessandro Guarita, de 38 anos. De casa para o trabalho, ele economiza R$ 5 no trajeto, que antes fazia de táxi. A economia é considerável, mas, para ele, não esta é a melhor sacada da empresa. “Eu continuaria no Uber mesmo se não fosse mais barato. A segurança e qualidade do serviço compensa. Sendo mais barato, é inquestionável a opção!”, frisa.

O publicitário Fábio Oliveira, de 27 anos, compartilha da mesma opinião do servidor público. O jovem é só elogios ao serviço oferecido pelo Uber na capital e destaca o bom atendimento como grande diferencial da plataforma.

“Até o momento já andei com 8 motoristas diferentes, todos extremamente atenciosos e cordiais. Sempre me foi oferecido água e balas, além de preferências como intensidade do ar e rádio preferida, tendo sido oferecido até a possibilidade de conectar o celular no bluetooth e escutar as músicas preferidas”, relatou.

Com a crescente demanda, a principal reclamação dos usuários goianienses é a pouca quantidade de carros nas ruas. Não é raro que o cliente, ao solicitar o serviço na capital, se depare com a mensagem: “Não há carros disponíveis”.  É o que salienta o jornalista Murillo Soares, de 22 anos. “Já aconteceu mais de uma vez”, relembrou.

O problema, no entanto, deve estar com os dias contados. De acordo com o diretor de Comunicação do Uber, Fábio Sabba, a frota já vem sendo acrescida ao longo das últimas semanas. E a previsão é que o número só aumente.

“Não divulgamos o número por cidade, mas esse cenário definitivamente ira mudar. Por ser uma cidade que começamos a atuar há pouco tempo, essa situação é normal, mas iremos providenciar”, lembra.

Problemas no cadastro e atualizações do aplicativo, além de erros na plataforma durante as corridas, também são alvos de reclamações pontuais dos usuários. Mas nada que fruste o cliente a ponto de abandonar o serviço.

“O preço é o maior elogio. Muito inferior ao dos táxis, talvez até dos mototaxis. Os motoristas são sempre gentis e prestativos. Salvo uma ou duas vezes que me veio um mal humorado”, conta Murillo Soares.

Regulação à vista

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A Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT) colocou, na última semana, em consulta pública a minuta de um decreto que regulamenta serviços de transporte urbano como o Uber.

Disponível para consulta pública até o dia 21 de março, a minuta é um proposta que vai incorporar sugestões da população para criar as normas de atuação deste tipo de transporte.

A proposta inicial é de que estas empresas paguem ao município R$ 0,04 para cada km rodado, tendo ainda que fornecer ao poder público um sistema de acompanhamento em tempo real das frotas, para confirmação da quilometragem mensal.

Em entrevista, o diretor de Comunicação do Uber afirmou que a empresa vê a regulação “com bons olhos”, mas pondera que ainda está em análise o projeto da prefeitura ainda. “Vamos nos manifestar publicamente em breve”, adiantou Fábio Sabba ao Jornal Opção.

“Guerra Fria”

Foto: Bruna Aidar/Jornal Opção
Foto: Bruna Aidar/Jornal Opção

Há exato um mês em operação na capital, o Uber provocou uma queda brusca na demanda por taxistas, mas, ainda assim, não foram registrados episódios de confronto entre os profissionais das duas categorias, como é comum nas demais cidades em que o aplicativo opera.

Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas de Goiânia (Sinditáxi), Silone Antônio dos Santos, a recomendação pelo não confronto partiu da própria entidade, que entende que o uso da violência só divulgaria ainda mais o aplicativo. “Estamos fazendo tudo para segurar, mas está difícil”, admite o dirigente.

A insatisfação não é para menos. De acordo com Silone, o número de corridas caiu de 40% a 50% desde que o Uber começou a atuar em Goiânia, no último dia 29 de janeiro.

O presidente pede mais empenho por parte da Prefeitura de Goiânia para resolver o problema, e a regulação do Uber não é a solução preferida dos taxistas. Silone diz acreditar que a minuta de Decreto proposta na última semana pelo Paço não responde às reivindicações da categoria e sinaliza para uma ação mais radical e permanente: a extinção do Uber em Goiânia.