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Djalba Lima

O que aconteceu no Canadá pode se repetir no Brasil. Donald Trump, o bilionário que trata a diplomacia como um ringue de luta livre, acaba de invadir nossa soberania. Ao anunciar uma tarifa punitiva de 50% sobre produtos brasileiros, como retaliação ao julgamento de seu aliado Jair Bolsonaro, Trump deu um tapa na cara da democracia — e na do povo brasileiro.

Como se não bastassem os danos que ele já causou ao mundo — negacionismo climático, estímulo ao autoritarismo, divisão social e desinformação em escala planetária —, agora quer exportar sua cartilha do caos para cá. E pior: tenta chantagear o Brasil economicamente para interferir no mais legítimo processo judicial que apura uma tentativa de golpe de Estado contra o resultado eleitoral de 2022.

Bolsonaro não está sendo perseguido. Está sendo julgado dentro das regras constitucionais, com amplo direito de defesa e sob os olhos atentos da imprensa, das instituições e da sociedade. O Brasil é uma democracia madura e não precisa de tutores estrangeiros – ainda menos de um político estrangeiro com histórico golpista, acusado de incitar ataques ao Capitólio e sabotar seu próprio país.

A carta enviada por Trump a Lula, tornada pública no dia 9 de julho, é um manual do bullying diplomático: insinuações, ameaças veladas e, no fim, um pacote de tarifas que afetam nossa economia e desrespeitam a autodeterminação do povo brasileiro. A resposta do presidente Lula foi firme: “O Brasil não aceitará tutela de ninguém”. E ele está certo.

Eras dos Neros: o americano Donald Trump e o romano Nero | Fotos: Reproduções

Esta é uma questão de soberania nacional. Não podemos permitir que interesses externos tentem manipular decisões que cabem unicamente à Justiça brasileira. O julgamento de Bolsonaro não é uma disputa partidária – é um marco para o futuro da democracia no país. É a hora de dizer, alto e bom som: Trump, tire as mãos do Brasil!

Se sua interferência desastrada ajudou a derrotar um aliado no Canadá, que sirva de lição: aqui também não será diferente. O povo brasileiro sabe reconhecer quando a pressão estrangeira tenta moldar nossos destinos com base em ambições de poder. E não vai aceitar.

Em defesa do Brasil

• Julgamento de Bolsonaro é constitucional e legítimo;

• Intervenção estrangeira fere a soberania e os princípios da não-interferência;

• A resposta do Brasil deve ser firme e respaldada na lei da reciprocidade;

• A democracia não se curva ao medo, nem à chantagem.

Djalba Lima é jornalista. Foi editor do “Diário da Manhã”.