O governo do presidente Donald Trump enviou três navios militares para a costa da Venezuela, sob o argumento de combate ao tráfico de drogas em águas internacionais, provocando alerta entre diplomacias latino-americanas, incluindo a do Brasil. Segundo fontes em Washington ouvidas pelo UOL, os barcos USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson devem se aproximar da região até a noite de quarta-feira.

A manobra faz parte de uma estratégia mais ampla do governo americano, que tem classificado grupos do narcotráfico como entidades terroristas, permitindo a atuação militar em operações consideradas de “segurança nacional”. Além do envio de navios, não se descarta o deslocamento de aviões e até submarinos para o mar do Caribe.

Nos últimos meses, Washington também tem pressionado autoridades brasileiras a qualificarem o PCC como grupo terrorista, com apoio de governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ), além do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na fronteira com o México, o uso de tropas norte-americanas tornou-se constante desde o início do governo Trump.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que “a droga é uma ameaça à segurança nacional dos EUA” e reforçou que grupos criminosos, como o Cartel de Soles, “se passam por governos e ameaçam empresas americanas, como as petrolíferas na Guiana”. Na primeira semana deste mês, a Casa Branca dobrou a recompensa para US$ 50 milhões (R$ 273,1 milhões) por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro.

Em resposta, Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos para “garantir a cobertura de todo o território nacional”. Em ato transmitido pela TV, Maduro classificou as ações de Washington como “ameaças extravagantes” e não detalhou a logística da mobilização.

O governo dos EUA acusa Maduro de atuar como um dos principais narcotraficantes do mundo, utilizando organizações criminosas internacionais, como a facção venezuelana Tren de Aragua e o cartel mexicano de Sinaloa, para introduzir drogas e fomentar violência nos Estados Unidos. A secretária de Justiça americana, Pam Bondi, destacou que a DEA já confiscou 30 toneladas de cocaína supostamente ligadas a Maduro, e que ativos dele, incluindo jatos e veículos, somam mais de US$ 700 milhões.

O histórico de hostilidade entre Washington e Caracas remonta a 2017, quando Trump assumiu o primeiro mandato e reconheceu Juan Guaidó como presidente interino, impondo sanções ao petróleo venezuelano. Apesar da retórica dura, canais de negociação permaneceram ativos em casos específicos, como a libertação de cidadãos americanos detidos na Venezuela.

A escalada de tensões entre os dois países coloca a América Latina em alerta, com possibilidade de confrontos indiretos e repercussões políticas e econômicas na região.

Leia também

EUA aumentam recompensa por informações que levem a prisão de Maduro