O ex-presidente dos EUA e pré-candidato à Casa Branca, Donald Trump, classificou o julgamento que o considerou culpado como “muito injusto” durante um pronunciamento nesta sexta-feira (31). Em seu discurso, ele afirmou:

“Se eles podem fazer isso comigo, podem fazer isso com qualquer um”, declarou Trump aos repórteres reunidos para uma coletiva que acabou sendo apenas um pronunciamento. Ele criticou os promotores, chamando-os de “pessoas ruins” e “doentes”, e reiterou que o juiz do caso, Juan Merchan, era “altamente conflituoso”.

No entanto, o veredicto de quinta-feira não foi decidido pelo juiz, mas por um júri popular composto por 12 nova-iorquinos. Eles basearam sua decisão em 34 documentos cruciais para o processo: 11 notas fiscais, 12 comprovantes de pagamento e 11 cheques. A sentença será proferida por Merchan em 11 de julho. Os jurados consideraram Trump culpado em todas as 34 acusações relacionadas à falsificação de registros fiscais para encobrir um escândalo sexual que poderia prejudicar sua campanha presidencial de 2016.

O valor de US$ 130 mil foi pago por Michael Cohen, ex-advogado e homem de confiança de Trump, e reembolsado por Trump ao longo de 2017, quando já era presidente, como “despesas legais” falsas. Entretanto, Cohen não era uma testemunha totalmente confiável, pois mentiu sob juramento antes de confessar o crime, o que lhe rendeu uma pena de três anos de prisão domiciliar em 2018.

“Em relação ao julgamento em si, foi muito injusto, não nos foi permitido usar nosso especialista em eleições em nenhuma circunstância”, disse Trump. “Vocês viram o que aconteceu com algumas das testemunhas que estavam do nosso lado, elas foram literalmente crucificadas por esse homem”, acrescentou, referindo-se a Merchan, a quem descreveu como “parecendo um anjo, mas na verdade é um demônio”.

Trump também criticou a ordem de silêncio no caso, que ele falsamente atribuiu ao presidente Joe Biden, embora tenha sido imposta por Merchan para impedir ataques às testemunhas ou a divulgação da identidade dos jurados. Segundo Trump, o tribunal “está em total conjunção com a Casa Branca e o Departamento de Justiça”, uma alegação sem provas.

“Agora, estou sob uma ordem de silêncio, que ninguém jamais esteve, nenhum candidato presidencial jamais esteve. Estou sob uma ordem de silêncio desagradável, em que tive de pagar milhares de dólares em multas e fui ameaçado de prisão”, afirmou.

Distúrbios em série

Não é a primeira vez que Trump ou seus aliados questionam o Judiciário americano e a condução dos processos criminais contra ele — quatro no total. Na quinta-feira, logo após o veredicto do júri em Manhattan, o âncora da Fox News John Robert sugeriu em uma publicação online que o juiz havia dito que os jurados poderiam escolher individualmente em um menu de diferentes crimes para declarar o ex-presidente culpado, desde que o total de votos somasse 12.

Essa afirmação, chocante para qualquer pessoa minimamente familiarizada com a jurisprudência americana, encontrou um público imediato e massivo, com cerca de 5,7 milhões de visualizações no X, anteriormente conhecido como Twitter. Apoiadores e aliados de Trump rapidamente ampliaram a postagem, assim como o próprio Trump.

Trump voltou a criticar o julgamento, afirmando: “No que diz respeito ao julgamento em si, foi muito injusto. Não fomos autorizados a usar nosso especialista em eleições sob nenhuma circunstância. Vocês viram o que aconteceu com algumas das testemunhas que estavam do nosso lado, elas foram literalmente crucificadas por este homem”, referindo-se ao juiz Juan Merchan, a quem descreveu como “parecendo um anjo, mas na verdade é um demônio”.

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