Três décadas mais tarde, Collor pede perdão pelo confisco da poupança

18 maio 2020 às 13h20

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Estima-se que, à época, o governo tenha confiscado o equivalente a cerca de US$ 100 bilhões

O senador Fernando Collor, ex-presidente da República, usou o Twitter no final da manhã desta segunda-feira, 18, para pedir perdão pelo polêmico confisco da poupança praticado em seu governo 30 anos atrás.
Em uma sequência de postagens, Collor, que renunciou à Presidência em dezembro de 1992 – antes de sofrer os efeitos de um processo de impeachment -, disse que era o “momento de falar com mais clareza” sobre o famigerado Plano Collor, o programa econômico que em 1990 confiscou as cadernetas de poupança de milhões de brasileiros.
Estima-se que, à época, o governo tenha confiscado o equivalente a cerca de US$ 100 bilhões, o que correspondia a 30% do PIB, causando desespero dos cidadãos.
No Twitter, o atual senador pediu perdão pelo plano econômico fracassado, e disse ter acreditado que “as medidas eram o caminho certo”. “Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, publicou.
Veja abaixo as postagens na íntegra compartilhadas pelo ex-presidente:
“Pessoal, entendo que é chegado o momento de falar aqui, com ainda mais clareza, de um assunto delicado e importante: o bloqueio dos ativos no começo do meu governo. Quando assumi o governo, o país enfrentava imensa desorganização econômica, por causa da hiperinflação: 80% ao mês!
Os mais pobres eram os maiores prejudicados, perdiam seu poder de compra em questão de dias, pessoas estavam morrendo de fome. O Brasil estava no limite! Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação. Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco.
Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência, mas eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo e também do País. Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos.
Eu e a minha equipe não víamos alternativa viável naquele início de 1990. Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros.”