Trabalhador do interior de Goiás recebe 30,8% a menos que um trabalhador de Goiânia
29 julho 2019 às 12h24

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Levantamento feito a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) revelou um retrato inédito do mercado de trabalho do interior

Um levantamento feito pelo IBGE revelou que das 5,6 milhões de pessoas em idade de trabalhar (pessoas de 14 anos ou mais), 3,5 milhões (61,9%) estão no interior do estado de Goiás. Na Região Metropolitana de Goiânia, há 2,1 milhões (38,1%) de pessoas em idade de trabalhar, e apenas 1,2 milhão estão na capital. Para chegar a esse recorte territorial, o interior foi considerado como todos os municípios do estado, excluída a região metropolitana, quando existir, e a capital.
Em Goiás, dos 3,7 milhões de pessoas na força de trabalho (são classificadas como na força de trabalho na semana de referência as pessoas ocupadas e as pessoas desocupadas nessa semana), 2,7 milhões (61,2%) estão no interior do estado, 1,4 milhão (38,8%) estão na Região Metropolitana de Goiânia e 829 mil (22,3%) na capital.
Taxa de desocupação em Goiás é maior no interior
As informações do primeiro trimestre de 2019 mostram que o desemprego no interior é menor que nas regiões metropolitanas ou capitais em 22 estados. Entretanto, Goiás está entre os quatro estados que possuem taxa de desocupação maior no interior (12,4%). Na região metropolitana de Goiânia, a taxa de desocupação é 8,0%. Já na capital goiana essa taxa é ainda menor, 7,2%; a menor taxa entre as capitais do país.
O interior do estado contém 60% da população ocupada de Goiás, o que corresponde a 1,9 milhão de pessoas; o interior também contém 71% da população desocupada do estado (282 mil pessoas).
Apenas 19,9% dos trabalhadores por conta própria possuem CNPJ em Goiás
Em Goiás, apenas 173 mil (19,9%) dos trabalhadores por conta própria possuem Cadastro Nacional de pessoa jurídica, enquanto que 699 mil (80,1%) não possuem CNPJ. A maior parte da população ocupada como trabalhador por conta própria está na capital Goiânia com 22,7%, enquanto que no interior apenas 18,8% dos trabalhadores por conta própria possuem CNPJ.
Em contrapartida, 79,7% dos empregadores (pessoa que trabalhava explorando o seu próprio negócio/empresa tendo pelo menos um empregado) possuíam CNPJ em Goiás. Essa taxa é ainda maior em Goiânia que possuía 84,6% dos empregadores com CNPJ, enquanto que no interior apenas 76,9% possuíam o cadastro.
Ao somar os trabalhadores sem carteira assinada (do setor privado e domésticos), empregadores e conta própria sem CNPJ e sem contribuição para a previdência oficial e trabalhadores familiar auxiliar sem remuneração temos 1,2 milhão de pessoas na informalidade no estado de Goiás (37,3%).
Em Goiás, 63,6% dos trabalhadores informais estão no interior, enquanto que 36,4% se encontram na região metropolitana de Goiânia em que apenas 19,6% estão na capital goianiense.
Trabalhador do interior recebe 30,8% a menos que um trabalhador da capital Goiânia
Além da desocupação e da informalidade no interior, os microdados da PNAD Contínua mostram o rendimento médio desses locais no primeiro trimestre do ano. De acordo com a pesquisa, o rendimento mensal dos ocupados no interior equivale a menos da metade do recebido pelos trabalhadores das capitais de oito estados. A média do país é de R$ 2.291.
Em Goiás, enquanto um trabalhador do interior recebia R$ 1.909, um da capital Goiânia ganhava R$ 2.762, uma diferença de R$ 853,00 (que representa 30,8% do salário de um trabalhador da capital goiana).