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Pedro Gravata

Especial para o Jornal Opção

Nos últimos dias, o setor da piscicultura foi surpreendido por notícias de que a tilápia — peixe mais cultivado e consumido no Brasil — poderia ser proibida por decisão do governo federal.

A informação, porém, não corresponde à verdade.

O que está em análise pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO) é a inclusão da tilápia na lista de espécies exóticas invasoras, medida de caráter técnico e preventivo, que não implica banimento, nem suspensão do cultivo.

A tilápia é originária da África, e por isso é classificada como “exótica”. Essa classificação não significa ameaça, mas sim que o cultivo exige boas práticas de manejo e barreiras de contenção para evitar que os peixes escapem para rios e lagos.

Na verdade, o setor produtivo brasileiro tem evoluído muito nesse sentido: tanques mais seguros, sistemas de recirculação de água e técnicas modernas garantem produção limpa, controlada e sustentável.

O Ministério do Meio Ambiente, em nota oficial, foi claro: não há qualquer proposta de proibição. O que se busca é avaliar riscos e aprimorar normas, para proteger o meio ambiente sem comprometer o desenvolvimento econômico.

E aqui está o ponto essencial: é plenamente possível conciliar os dois objetivos.

A tilápia é hoje símbolo de uma piscicultura moderna e socialmente justa.

Gera empregos, renda e alimento de qualidade. É fonte de proteína saudável e acessível, principalmente para as famílias brasileiras de menor renda.

Só em Goiás, milhares de pessoas vivem direta ou indiretamente dessa atividade, que movimenta indústrias de ração, frigoríficos, transportadoras, cooperativas e comércio.

É compreensível que o tema desperte preocupação, mas o debate precisa se dar com base na ciência e no diálogo — não no medo ou na desinformação.

Produtores e autoridades ambientais não estão em lados opostos. Pelo contrário: estão do mesmo lado da sustentabilidade.

Defender a tilápia é defender o equilíbrio: produzir respeitando a natureza e cuidar da natureza garantindo o sustento de quem produz.

Esse é o caminho que Goiás e o Brasil precisam seguir.

Pedro Gravata é produtor rural e um dos líderes da cadeia da tilapicultura em Goiás.