The Economist chama medidas de Trump contra o Brasil de ‘agressão chocante’; senadores denunciam abuso de poder

25 julho 2025 às 15h14

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A revista The Economist classificou as tarifas de 50% sobre todas as exportações brasileiras e a suspensão dos vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como uma “chocante agressão”. A reportagem foi publicada na quinta-feira, 24.
De acordo com o texto, a medida é uma das maiores interferências americanas na América Latina desde ao fim da Guerra Fria. “Raramente desde o fim da Guerra Fria os Estados Unidos interferiram tão profundamente em um país latino-americano”, diz o artigo intitulado “A chocante agressão de Trump ao Brasil”.
A reportagem afirma que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são “inimigos ideológicos”, e apoiadores de Trump criticam a investigação do ministro Alexandre de Moraes sobre desinformação nas redes sociais.
“No entanto, o gatilho para o ataque de Trump parece ter sido a cúpula do Brics, um grupo de países emergentes, que o Brasil sediou nos dias 6 e 7 de julho”, afirma a The Economist.
Para a revista, as medidas impostas por Trump contra o Brasil estão “saindo pela culatra”, com o aumento do apoio de Lula entre a população brasileira. “Se atrair a ira de Trump deveria fortalecer a direita brasileira antes das eleições gerais do ano que vem, o plano está saindo pela culatra”, diz o texto.
“Brasileiros de todos os tipos estão apoiando Lula”, afirma. “O índice de aprovação de Lula, que vinha caindo, melhorou. Ele agora lidera o grupo de potenciais candidatos para a corrida eleitoral do ano que vem.”
Além disso, o texto afirma que o Congresso, que estaria sendo controlado por partidos de direita, “se uniu em torno de Lula e está cogitando tarifas retaliatórias” aos EUA. “O impacto provavelmente recairá desproporcionalmente sobre empresas sediadas em regiões que são redutos de Bolsonaro”, diz.
Senadores acusam Trump de abuso de poder
Em carta enviada a Trump, senadores democratas contestaram as tarifas de 50% impostas à importações brasileiras. Os 11 parlamentares de oposição que assinam o documento encaminhado à Casa Branca acusam o republicano de “claro abuso de poder”. Eles afirmam que Trump usa “a economia americana para interferir em favor de um amigo”.
“Escrevemos para expressar sérias preocupações sobre o claro abuso de poder presente em sua recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil. (…) Interferir no sistema legal de uma nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação”, apontam.
“Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em favor de um amigo é um grave abuso de poder, enfraquece a influência dos EUA no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região. (…) Uma guerra comercial com o Brasil também aproximaria o país da República Popular da China (RPC) em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência chinesa na América Latina”.
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