Temer diz a Jovair que não vai interferir na eleição da Câmara dos Deputados
05 janeiro 2017 às 08h59

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Em reunião com o pré-candidato Jovair Arantes, presidente afirmou que não tem favoritos, mas Planalto articula nos bastidores para reeleger Rodrigo Maia
Pré-candidato à presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) se reuniu na última quarta-feira (4/1) com o presidente Michel Temer e ouviu dele a promessa de que não haverá interferência do governo na disputa. O líder do PTB na Casa disse que não pediu a Temer apoio, nem o compromisso de não interferir nas eleições agendadas para o início de fevereiro, mas criticou a possibilidade de o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), candidatar-se à reeleição.
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“Ele [Temer] reafirmou que o Planalto não tem nenhuma preferência pelas candidaturas colocadas pela base, que vai continuar determinando que nenhum ministro interceda com relação a este ou aquele candidato porque ele entende que isso é uma decisão que tem que ser dos deputados”, disse Jovair Arantes.
O parlamentar informou que lançará oficialmente sua candidatura na próxima terça-feira (10) e que planeja uma agenda de viagens aos estados na tentativa de convencer os colegas parlamentares da escolha de seu nome.
O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), que perdeu a disputa para Maia em julho já está em campanha nas redes sociais e viajando pelo país em busca de votos. Na última quarta-feira (4/1), foi de Brasília a Trindade (GO) bicicleta em busca de bênção divina para sua candidatura. Nos últimos dias, ele tem incentivado a realização de um debate entre os candidatos para que a população conheça as propostas de cada um.
Apesar da disputa entre os dois integrantes do grupo que faz parte da base de governo, Jovair nega que isso possa vir a prejudicar as votações de interesse do Planalto. “Não temos que falar em Centrão. Estamos falando aqui de uma eleição na individualidade, o deputado, a urna e o voto. O desejo da Casa será respeitado. Eu não posso, porque perdi eleição ou fui contrariado com voto, me debandar ou ficar contrariado”, afirmou.
O petebista questionou também a possível reeleição de Rodrigo Maia, que já é questionada judicialmente. Para Jovair Arantes, “dos 513 deputados, 512 não precisam de parecer jurídico para ser candidato”. Nesse sentido, afirmou, qualquer outra candidatura “seria legítima”. “Eu respeito demais o Rodrigo, acho que ele é uma pessoa do bem, mas está errando nesse quesito de buscar pareceres. Isso já coloca a Câmara em cheque. Não sou eu que vou judicializar. Já existem partidos que fizeram isso. Eu sou defensor das leis, e nós temos claramente escrito na Constituição dizendo que não pode [reeleição]”, afirmou, perguntado por jornalistas se contestaria uma eventual vitória do atual presidente.
Reeleição
Quem também se reuniu com o presidente Michel Temer na última quarta-feira (4/1) foi o presidente da Câmara Rodrigo Maia, que não oficializou candidatura ainda. “Se eu entender que a minha candidatura representa um caminho de harmonia na relação entre os poderes e, principalmente, no Plenário da Câmara, que até julho do ano passado tinha virado um campo de guerra, pode ter certeza que a candidatura estará madura”, afirmou.
Tida como preferência do Planalto, a recondução de Maia ao comando da Câmara é questionada no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma ação impetrada pelo Solidariedade.
Rodrigo Maia foi eleito presidente da Câmara em julho para um mandato tampão após a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O Artigo 57 da Constituição Federal diz que é “vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição [da Mesa Diretora] imediatamente subsequente”. No entendimento de aliados de Maia, esse dispositivo não se aplica nos casos de mandato tampão. Interpretação diferente daqueles contrários à possibilidade de reeleição.
O líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA), pediu que Maia oficializasse a candidatura o quanto antes. “O encaminhamento do PSDB hoje e de outros partidos nos próximos dias vão amadurecer e estimular minha decisão”, declarou Maia.
Após reunião com Temer, Maia negou negou que tenha ido buscar apoio do Planalto para uma eventual candidatura. “O presidente Temer, de forma nenhuma, interferiu ou vai interferir no processo eleitoral na Câmara.”
Segundo Maia, a conversa com Temer tratou sobre a melhor estratégia para a base do governo na votação da reforma da Previdência (PEC 287/16), além da crise de violência no País, em particular o massacre de presos em Manaus, e a crise econômica dos estados.