COMPARTILHAR

Atualmente, Ronilson é o único vereador eleito do partido e garante ao Jornal Opção que está sofrendo perseguições políticas dentro da legenda

O Podemos protocolou na Câmara de Vereadores de Goiânia, nesta quarta-feira, 16, um ofício que suspende as atividades do vereador Ronilson Reis (Podemos) na Casa Legislativa, sob argumentação de que “nunca teve liderança na Casa”. A partir disso, qualquer pedido de inserção de nomeação do parlamentar deve ser comunicado previamente ao partido. Atualmente, Ronilson é o único vereador eleito do partido e garante ao Jornal Opção que está sofrendo perseguições políticas dentro da legenda.

O parlamentar tenta se desfiliar do Podemos para que possa disputar uma vaga de deputado estadual. O partido, no entanto, não autoriza a liberação, o que Ronilson considera uma tentativa de coerção para que ele não concorra ao cargo. Em resposta, o advogado do Podemos, Thiago Moraes, declarou – representando o presidente metropolitano da sigla, Felipe Cortez Bezerra – que o Podemos “não está restringindo as ações do vereador.”

Ainda na sessão desta quarta, após a leitura do ofício, Ronilson manifestou sua insatisfação com a aceitação do requerimento. “Me surpreende a mesa diretora aceitar um requerimento tão esdrúxulo quanto esse”, declarou. O processo, porém, é regimental da Câmara e define que ele deve ser lido imediatamente após a chegada.

Mesmo externando a frustração, Ronilson reconheceu a soberania da decisão, mas garantiu que irá defender seu mandato em meio ao que considera uma árdua perseguição política. “Ele [Felipe] pode até achar que não tem liderança, mas tem vereador eleito pelo Podemos. E muito mais, pelo sufrágio, pelo povo. Não foi o Podemos que me deu o mandato, foi o povo”, declarou.

Para o parlamentar, a decisão que suspende suas atividades nas comissões da Casa expõe ainda mais o processo de perseguição que ele aponta. “Com o entendimento de que não tem liderança, sendo eu o único eleito, está nítido o que está acontecendo”, explicou. Ele defende que as medidas fazem parte de uma tentativa de perseguição política que o levem a abrir mão da cadeira na Câmara Municipal de Goiânia. Em 2020, Felipe foi candidato a vereador e obteve apenas 1.702 votos, sendo eleito terceiro suplente, o que permitiria que ele assumisse a cadeira. De acordo com as regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em eleições proporcionais o mandato pertence ao partido, e não ao candidato.

Na última semana, o Ministério Público Eleitoral de Goiás (MPE-GO) recomendou que fosse negado o pedido de desfiliação do vereador sob justificativa de “ausência de justa causa”. Em entrevista ao Jornal Opção, Felipe Cortêz apontou que não existe nenhum problema pessoal na relação, não fará expulsão do parlamentar e nem está tentando coagi-lo. Além disso apontou que o Podemos chegou a oferecer a oportunidade de Ronilson se candidatar pela legenda. O presidente metropolitano da sigla afirmou ainda que ocorreu uma tentativa de acordo em troca da liberação.

Ao Jornal Opção, entretanto, Ronilson negou o diálogo. “Isso não existe, é tudo mentira! Aliás, o que ele está querendo é me expulsar do partido depois do dia 2 de abril pra que eu não possa concorrer”, disse. A janela partidária, que permite que parlamentares mudem de partido sem sofrer qualquer punição fica aberta somente até o dia 1º de abril. A janela ocorre em anos eleitorais, permitindo que os eleitos com intenção de disputar as novas eleições, possam mudar de legenda sem perder o mandato.