No dia 9 de julho, um anúncio inesperado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou forte impacto nos mercados internacionais: a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Embora o comunicado oficial tenha sido divulgado às 16h17, dados do mercado financeiro apontam para um movimento atípico ocorrido horas antes, indicando possível uso de informação privilegiada.

Segundo apuração divulgada pelo Jornal Nacional com base em análises de mercado, às 13h30 – quase três horas antes do anúncio público – uma transação incomum chamou a atenção: foram comprados entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões em dólares, com cotação a R$ 5,46. Logo após o anúncio de Trump, essa mesma quantia parece ter sido revendida a cerca de R$ 5,60, gerando um lucro potencial que pode ter chegado a 50% em apenas três horas.

Spencer Hakimian, gestor de um fundo de investimentos em Nova York que acompanha o mercado em tempo real, destacou que o comportamento foi abrupto demais para ser mera coincidência. “Não era o padrão normal das transações com o real naquele dia”, afirmou. Para ele, a movimentação teve clara característica de quem já sabia da medida a ser anunciada e agiu rapidamente para lucrar com a desvalorização esperada do real frente ao dólar.

A desconfiança aumenta diante do histórico de episódios semelhantes durante o governo Trump. A mesma dinâmica se repetiu em momentos que antecederam anúncios de tarifas contra a África do Sul, a União Europeia, o México e o Canadá. Em todos esses casos, apostas certeiras contra as moedas dos países afetados ocorreram minutos antes das declarações públicas, gerando lucros bilionários para operadores anônimos.

Em abril de 2019, por exemplo, Trump publicou em rede social que “era uma hora excelente para comprar”. Horas depois, anunciou uma suspensão temporária de tarifas, provocando forte alta nas bolsas. De acordo com relatos da imprensa americana, incluindo o The New York Times, investidores presentes na Casa Branca no mesmo dia relataram lucros conjuntos de mais de US$ 3 bilhões.

Apesar da gravidade das suspeitas, as chances de uma investigação formal são mínimas, de acordo com os especialistas ouvidos. Isso porque os órgãos responsáveis – como o Departamento de Justiça e a SEC (Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos EUA) – são estruturas do governo federal e, à época, estavam sob comando direto de Trump.

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