SUS incorpora transplante de 5 órgãos do mesmo doador; paciente que aguarda doador se diz ‘esperançoso’

26 fevereiro 2025 às 17h30

COMPARTILHAR
Luiz Perillo, de 35 anos, está na fila do transplante multivisceral. O paciente precisa da doação de cinco órgãos diferentes do mesmo doador. O procedimento que Luiz precisa foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) nesta semana.
A incorporação do procedimento faz com que, a partir de agora, exista orçamento e ampliação do tratamento no país.
“É a esperança de que meu transplante vai chegar. Aumenta as minhas chances de encontrar um doador compatível e de poder voltar para casa depois de tanto tempo, já que vou poder ser atendido em outros hospitais”, afirmou Luiz ao g1.
O homem sofre de trombofilia, uma doença causada por alterações na coagulação do sangue que aumentam a formação de coágulos, gerando tromboses. Luiz passou por diversas internações até que, em 2018, a doença atingiu a veia porta, que recebe sangue do sistema digestivo. Isso fez com que os órgãos de Luiz fossem levados à falência pouco a pouco.
Para que Luiz Perillo consiga sobreviver ele precisa de:
- Estômago, pâncreas, fígado, intestino e rim;
- Todos os órgãos precisam estar intactos;
- Precisam ser do mesmo doador;
- Enquanto aguarda, ele ainda precisa se manter saudável para o momento da cirurgia.
Por não estar incorporado ao SUS, o procedimento não tinha investimento para tal. Por conta disso, poucos hospitais faziam o procedimento e, consequentemente, havia poucas vagas.
O transplante é o mais complexo que existe na medicina. É necessário uma equipe médica grande, um centro cirúrgico equipado e muito tempo na sala de cirurgia. Ele é feito há 14 anos no Brasil mas só recentemente sua incorporação ao SUS foi considerada.
Antes da medida do SUS, apenas seis unidades de saúde estavam autorizadas a realizar o procedimento. Quatro dessas, localizadas nos Estados de São Paulo e Rio grande do Sul, atendem pelo SUS.
““A espera já é um processo muito difícil, desgastante emocionalmente. E aí eu tenho que ficar aqui, longe da minha família, dos amigos, da minha rede de apoio. Além de todo o custo financeiro. É um alívio saber que, agora, eu posso finalmente voltar para casa”, diz Luiz, que teve que se mudar de Brasília para São Paulo para conseguir tratamento.
De acordo com o Ministério da Saúde, a princípio, apenas as unidades cadastradas seguem sendo referências no atendimento. Porém, com incorporação, novos centros são estimulados a se cadastrar. Com o cadastro, será necessário uma avaliação da pasta, para que os hospitais sejam autorizados a fazerem o procedimento.
Leia também
Goiás registra aumento de 65% em transplantes de órgãos nos últimos cinco anos, aponta SES