Sobre metanol, bebidas e formigas

03 outubro 2025 às 08h45

COMPARTILHAR
Nilson Jaime
Especial para o Jornal Opção
Etanol é o nome técnico do álcool etílico e tem em sua fórmula dois átomos de carbono (C2H5OH), produzido por fermentação alcoólica a partir de substâncias açucaradas ou amiláceas, como uva, cana-de-acúcar, centeio, cevada, milho, trigo ou mandioca, dentre outros. Esse é o álcool prevalente nas bebidas alcoólicas fermentadas ou fermento-destiladas, como cerveja, vinho, gim, vodka, whisky, rum, champagne, pisco e a nossa tradicional cachaça.
Tóxico aos seres vivos, o etanol, em doses aceitáveis, pode ser metabolizado pelo organismo humano sem causar toxidez severa, exceto quando utilizado em doses muito acima do limite de tolerância.
Já o metanol (álcool metílico, formado por um átomo de carbono – CH3OH) pode ser obtido pela destilação da madeira, ou outros métodos mais modernos.

Muito tóxico, uma vez ingerido, o metanol é oxidado a formaldeído no organismo e, posteriormente, a ácido fórmico, que pode causar acidose metabólica severa, com graves consequências à saúde humana.
Há milhões de anos as formigas descobriram que o ácido fórmico é veneno. As formigas da família Formicinae desenvolveram glândulas de veneno ricas em ácido fórmico, utilizadas para defesa. Essas formigas trocaram os ferrões de veneno por acidóporos, capazes de secretar e até ejetar o ácido fórmico nos inimigos.
Muito cáustico e irritante, o ácido fórmico foi separado e identificado em laboratório a partir da maceração de formigas Formicinae.
Há 120 milhões de anos no planeta (contra apenas 300 mil anos do “Homo sapiens”) as formigas aprenderam a usar os recursos naturais em sua defesa, ao contrário da espécie humana, conforme estamos constatando.
Nilson Jaime, doutor em agronomia, é escritor e crítico literário. É colaborador do Jornal Opção.