Sindicatos pedem investigação de relatos de racismo institucional nas lojas McDonald’s
20 julho 2020 às 22h56

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Ofício afirma que foram usadas expressões pejorativas em relação à cor da pele e ofensas sobre cabelos, como “negrinha do cabelo ruim”, “cabelo duro”, “macaca” e “pretinha suja”

Sindicatos enviaram um ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) nesta segunda-feira, 20, pedindo a criação de uma força tarefa de procuradores para investigação, em âmbito nacional, de denúncias de racismo institucional nas lojas McDonald’s.
O documento traz relatos de 16 ex-funcionários do McDonald’s, que, na maioria, eram menores de idade na época que foram vítimas de racismo.
Os trabalhadores alegam ter sido sistematicamente humilhados e assediados por seus supervisores. De acordo com os relatos, foram usadas expressões pejorativas em relação à cor da pele e ofensas sobre cabelos, como “negrinha do cabelo ruim”, “cabelo duro”, “macaca” e “pretinha suja”. Além disso, uma das profissionais disse que foi impedida de trabalhar durante um evento internacional da rede de fast food por causa da cor da sua pele.
Legislação brasileira diz uma empresa que se envolve em racismo estrutural sistêmico comete um crime. Segundo o ofício, os fatos descritos ocorreram em quatro estados nos últimos três anos.
De acordo com o documento, há “fortes indícios da prática de racismo institucional” e os casos apurados até o momento indicam condições indignas de trabalho e negligência na empresa. “Tais práticas podem estar acontecendo em um universo considerável de lojas McDonald´s no Brasil, sem que a empresa adote medidas concretas e efetivas para evitá-las, explicitando-se o descaso e negligência com a situação, para se dizer o mínimo, o que evidencia possível racismo na corporação de ordem organizacional”, argumenta ofício.
Resposta
A Arcos Dorados, que opera as franquias de lojas de McDonald’s no país, afirmou, em nota, que não teve acesso ao documento e, portanto, não pode se posicionar sobre a questão. “A Arcos Dorados reitera o seu total compromisso com a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e de respeito. Além disso, a companhia informa que não tolera nenhuma prática de assédio ou discriminação”, diz o comunicado.