O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Comunicação (Sindicom), Miguel Novaes Filho, apesar de não concordar com a forma como a Jovem Pan praticava jornalismo durante o governo Bolsonaro, criticou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para o cancelamento das outorgas da rádio e afirmou que a emissora está sendo tratada como “bode expiatório”. Segundo ele, se a investigação fosse aprofundada, “poucas rádios e TVs seriam dignas de manter suas concessões.”

Novaes Filho sustenta que diversas redes nacionais e regionais — como Transamérica, Band, CBN, Globo, Record, SBT e, em Goiás, a TBC — também praticam um jornalismo pautado por “interesses pessoais e políticos”. Ele ainda lembrou das concessões de radiodifusão concedidas a igrejas, classificadas como filantrópicas e isentas de imposto de renda, que, na avaliação dele, “não produzem nada de útil para a sociedade em termos de informação.”

Para o dirigente sindical, o que predomina nos veículos de comunicação é a distorção ou a dubiedade das notícias, o que deixa a audiência em dúvida. “São raros os momentos em que as empresas trazem informações que condizem com a verdade dos fatos”, declarou.

Miguel Novaes defendeu que o MPF faça um “pente fino” em todas as concessões de rádio e TV, a fim de garantir pluralidade de opiniões e o direito ao contraditório. Ainda assim, reconheceu que a Jovem Pan, no período mencionado pelo MPF, “fazia um jornalismo de interesses políticos, sem levar em consideração um jornalismo condizente com a verdade.”

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