O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques passou a noite desta sexta-feira, 26, na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, após ser preso no Paraguai e expulso do país. Ele foi detido ao tentar embarcar para El Salvador com documentos falsos.

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 24 anos de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado, Vasques foi entregue às autoridades brasileiras na fronteira e deve ser transferido para Brasília neste sábado, 27, onde ficará à disposição da Justiça.

A prisão ocorreu no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção. Após a detenção, ele foi levado algemado e com capuz até Cidade do Leste, onde foi formalmente entregue à Polícia Federal brasileira na aduana.

Segundo autoridades paraguaias, Vasques utilizava documentos em nome de “Julio Eduardo” e chegou a apresentar uma declaração alegando estar com câncer na cabeça e impossibilitado de falar. Durante a checagem de dados biométricos, como impressões digitais e fotografias, a polícia confirmou que a identidade era falsa. Diante das evidências, o ex-diretor da PRF confessou que os documentos não lhe pertenciam.

O diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter, explicou que a expulsão se deu tanto pela entrada irregular no país quanto pelo uso de identidade falsa, condutas previstas na legislação migratória local. Como não havia mandado de prisão válido no Paraguai nem alerta da Interpol, o país optou pela expulsão imediata. O Ministério Público paraguaio ainda investiga a origem dos documentos utilizados.

Em informações encaminhadas ao ministro Alexandre de Moraes, a Polícia Federal relatou que Silvinei Vasques deixou sua residência em São José, em Santa Catarina, na noite de quarta-feira, 24, véspera de Natal, antes mesmo de a tornozeleira eletrônica apresentar falhas. Imagens indicam que ele saiu do condomínio por volta das 19h22, após carregar um carro alugado com bagagens e itens para transporte de um cachorro da raça pitbull.

Na noite do Natal, equipes da Polícia Penal de Santa Catarina e, posteriormente, da Polícia Federal estiveram no local, mas não encontraram o ex-PRF. A PF afirma que ainda não foi possível determinar se a tornozeleira eletrônica foi deixada no apartamento.

Diante dos indícios de fuga, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva. Para o magistrado, as diligências demonstram tentativa clara de driblar as ordens judiciais em vigor.

Condenações

Silvinei Vasques foi condenado neste mês pelo STF a 24 anos e 6 meses de prisão por integrar o chamado “núcleo 2” da organização que tentou subverter o resultado das eleições de 2022. Segundo a decisão, ele atuou para monitorar autoridades e dificultar o voto de eleitores, especialmente no Nordeste, por meio de operações da PRF no segundo turno.

Antes disso, também foi condenado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por uso político da estrutura da PRF durante a campanha eleitoral, com aplicação de multa superior a R$ 500 mil. Após ter sido preso em 2023, Vasques respondia em liberdade mediante medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, agora rompida.

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