O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve ser reconduzido ao comando da PGR, mas com apoio reduzido em relação à votação anterior. A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado está marcada para quarta-feira, 12, e a expectativa é de aprovação por margem menor do que em 2023, quando obteve 23 votos favoráveis e 4 contrários na comissão e 65 a 11 no plenário.

De acordo com levantamento do Poder 360, entre 10 e 12 senadores da CCJ devem votar contra a recondução de Gonet. O colegiado tem 27 integrantes, e é necessário o apoio de pelo menos metade mais um dos membros para aprovação. No plenário, o cenário também deve ser mais apertado: embora precise de 41 votos favoráveis, a oposição calcula que 25 senadores devem se posicionar contra o nome indicado.

A resistência à recondução de Gonet vem principalmente da bancada bolsonarista e de parte da oposição, que ainda critica a postura do procurador-geral no episódio da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por participação na trama golpista de 2023.

A PGR, sob comando de Gonet, ofereceu denúncia que resultou na condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O caso provocou forte reação entre aliados do ex-presidente, que chegaram a pedir impeachment de Gonet.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que o processo foi “absurdo” e baseado em “coação psicológica” sobre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, cuja delação premiada foi usada como base na acusação. “Todo mundo viu aquelas cenas dantescas de coação. Vazou áudio dele falando que já estava tudo combinado. Era quase como algo encomendado”, disse Girão.

O relator da sabatina, senador Omar Aziz (PSD-AM), apresentou parecer favorável à recondução, afirmando que Gonet “cumpre todos os requisitos constitucionais e regimentais” para permanecer no cargo.

Mesmo com o desgaste entre parte da oposição, a tendência é de aprovação, tanto na CCJ quanto no plenário. No entanto, o governo Lula e líderes aliados no Senado esperam um placar menos folgado e mais permeado por votos de protesto do campo conservador.

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