Sem pagamento da Unimed, serviços de hemoterapia notificam operadora sobre interrupção de atendimento
17 dezembro 2025 às 10h49

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Os serviços de hemoterapia GSHMED e SERUM, ambos do Grupo GSH, notificaram formalmente a Unimed de que não conseguirão manter as operações diante do não pagamento de uma dívida que já ultrapassa R$ 21,5 milhões. As empresas são responsáveis por serviços essenciais de hemoterapia utilizados pela rede da operadora no Rio de Janeiro.
Segundo os prestadores, parte do débito deveria estar sendo quitada por meio de parcelas mensais, mas os repasses foram interrompidos. O prazo estabelecido para regularização da situação se encerra no próximo dia 13, sem que, até o momento, haja qualquer solução apresentada pela operadora. A possível suspensão desses serviços agrava ainda mais o cenário de instabilidade da rede Unimed no estado, em contraste com o discurso recente da operadora sobre expansão de parcerias e fortalecimento assistencial.
O Jornal Opção procurou a Unimed Nacional e aguarda retorno.
Efeito cascata na rede credenciada
A crise se intensifica à medida que outros prestadores já interromperam atendimentos por falta de pagamento. O Hospital Geral Prontonil, em Nova Iguaçu, suspendeu todos os atendimentos — incluindo emergência adulto e pediátrica — para beneficiários da Unimed Ferj em regime de intercâmbio.
Já a clínica de diálise Gamen informou que, a partir desta semana, não terá condições de manter o tratamento de 45 pacientes renais crônicos. A unidade acumula dívidas superiores a R$ 1,6 milhão, considerando valores recentes e passivos antigos.
Grandes redes privadas também passaram a limitar atendimentos. Entre elas estão a Rede D’Or, a Rede Casa e o Grupo Prontobaby, todas citando inadimplência como motivo para a restrição dos serviços prestados a beneficiários da Unimed.
Risco de colapso assistencial
Para o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e a Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro, a situação revela uma desconexão grave entre o discurso institucional da operadora e a realidade enfrentada pela rede prestadora.
A falta de transparência sobre a real situação financeira e operacional da Unimed no Rio de Janeiro se tornou insustentável. Os prestadores não recebem informações claras, não conseguem prever repasses e enfrentam enorme dificuldade de comunicação com as instâncias responsáveis. Não é mais possível manter a rede funcionando às cegas”, afirma Guilherme Jaccoud, presidente do SindhRio.
Segundo ele, diante da escalada de suspensões, é necessária uma resposta mais firme das autoridades.
Acreditamos que a Agência Nacional de Saúde Suplementar precisa adotar uma postura muito mais rígida e efetiva, ou que o Ministério Público Federal intervenha para garantir que a assistência à população não entre em colapso. A cada semana, um novo serviço anuncia interrupção. Isso não é reorganização: é desassistência.
Impacto direto nos pacientes
A crise já ultrapassa os limites institucionais e atinge diretamente pacientes em situação de vulnerabilidade, como crianças, pessoas em terapia contínua, pacientes crônicos e famílias que dependem de tratamentos regulares. SindhRio e AHERJ reforçam que, sem uma rede prestadora funcional, não há atendimento possível.
“Sem prestadores, não existe assistência. E sem assistência, não há sistema de saúde suplementar”, concluem as entidades.
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