Em atividade em Goiânia desde janeiro, o serviço já faz parte do dia a dia do goianiense e é parte importante da renda de muitas famílias

Aplicativo do Uber | Foto: Alexandre Parrode
Aplicativo do Uber: além de vantajoso para o consumidor, auxilia dezenas de goianos desempregados | Foto: Alexandre Parrode

Larissa Quixabeira e Marcelo Gouveia

“A maioria das pessoas que estão nessa são as pessoas que estava desempregadas. São pais e mães de família que hoje dependem dessa renda.”A ex-bancária Keilla Ribeiro, 40, começou a trabalhar como motorista da Uber há apenas quatro semanas, mas já considera a renda que tem arrecadado, essencial para sua família. “Tenho três filhos e estava desempregada há 3 anos. Tentei outras coisas nesse intervalo, mas nada deu certo. Hoje posso dizer que dependo dessa renda porque o retorno é imediato”, conta Keilla.

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Ativo em Goiânia deste janeiro de 2016, o aplicativo de transporte individual de passageiros rapidamente foi incorporado ao dia-a-dia dos goianienses como opção de fonte de renda ou mobilidade urbana.

Aos chamados parceiros, ou seja, motoristas conveniados, a Uber faz um pagamento semanal por meio de depósito bancário e o montante depende apenas da quantidade de corridas efetuadas pelo motorista. Além disso, a possibilidade do pagamento em dinheiro, além de atrair mais clientes, também proporciona retorno imediato ao motorista.

É difícil estimar quantos motoristas atuam em Goiânia atualmente, visto que a própria empresa não divulga dados locais. Segundo a Uber, o único monitoramento regional que é feito é em relação ao tempo de espera do cliente ao realizar uma chamada, uma vez que, pela liberdade que o sistema dá aos colaboradores, mesmo um motorista estando cadastrado, não significa que ele esteja atuante.

Dados de setembro de 2016 dão conta de que a Uber tem 50 mil parceiros que atuam em 23 cidades de todo o Brasil. O total de usuários brasileiros bate os 4 milhões. A Uber está em 70 países diferentes e chega a marca de 5 milhões de corridas diárias em todo o mundo. São mais 1,5 milhão de motoristas ativos e 50 milhões de usuários.

“É importante dizer que, assim como eu, muitas pessoas começaram a trabalhar na Uber porque estavam desempregadas e hoje é parte importante ou até a única fonte de renda de muitas famílias”, conta a ex-bancária, que está em constante contato com outros motoristas. Para ela, o importante para obter lucro é a disciplina. “Eu trato como um emprego mesmo, como se eu tivesse um patrão e precisasse bater ponto. Organizei os meus horários e me monitoro, como tudo na vida, é preciso ter disciplina para fazer dar certo.”

Rafael Sousa se divide entre o Uber e a empresa | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção
Rafael Sousa se divide entre o Uber e a empresa | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção

Para o jovem Rafael Pinheiro, de 26 anos, a Uber hoje é um complemento do salário que ganha trabalhando em uma gráfica, mas nem sempre foi assim. Já com cinco meses como motorista do aplicativo e há três em emprego formal, ele diz que pretende continuar com os dois. “Comecei na Uber quando estava desempregado, mas decidi continuar mesmo depois de conseguir um trabalho porque realmente compensa. Ainda mais com a regulamentação do aplicativo aqui em Goiânia, ficamos mais esperançosos, é um ânimo e uma segurança a mais para podermos trabalhar.”

Na última quarta-feira (9/11) a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Vereadores de Goiânia aprovou uma matéria do vereador Djalma Araújo (Rede) que regulamenta aplicativos de transporte individual de passageiros na capital. O texto estabelece as condições para criação, credenciamento, funcionamento e fiscalização de aplicativos, além do pagamento de taxas pela exploração da malha viária.

Outra mudança recente que mudou impacto do app em Goiânia foi a liberação para o pagamento em dinheiro, em agosto deste ano. Antes as corridas só podiam ser pagas por meio de cartão de crédito cadastrado ao aplicativo. “Desde que foi liberada essa opção, as corridas ampliaram para diversas partes da cidade, que antes quase não solicitavam o serviço. Regiões como a Noroeste e todas as outras mais afastadas do centro, não quais antes não havia tanta demanda, hoje já existe bastante, porque muita gente não tem o cartão de crédito”, diz Rafael.

Balcão de negócios

Simonei: de corretor de imóveis a motorista do Uber. Mas não deixou de vender imóveis | Foto: Fernando Leite/ Jornal Opção
Simonei Valeriano da Silva: de corretor de imóveis a motorista do Uber. Mas não deixou de vender imóveis | Foto: Fernando Leite/ Jornal Opção

Simonei Valeriano da Silva, de 40 anos, trabalha como corretor de imóveis e há seis meses resolveu dividir seu tempo entre o emprego formal e a alternativa de renda extra. “Eu sou também corretor de imóveis. Trabalho no Uber como forma de renda extra, um complemento. Foi uma indicação de outro corretor de imóvel, que falou dessa experiência e eu resolvi ingressar. Estou há seis meses e, hoje, diminui minha carga horária como corretor para me dedicar mais ao Uber.”

Ele elogia a flexibilidade da plataforma, que possibilita a manutenção das das funções. “Trabalho de 6 a 8 horas por dia, mas depende do dia. Às vezes tenho outras funções na imobiliária. Agenda flexível é uma das grandes sacadas do Uber. Eu defino minha rotina de trabalho. Por isso tudo, aconselho quem me pergunta a entrar na Uber. Não saí da crise, mas consegui amenizar a crise.”

Ele relata, ainda, que, graças à plataforma, conseguiu diminuir plantões na imobiliária em que trabalha. Agora, faz do próprio carro um balcão de negociações. “Consegui levantar mais negócios nas viagens do que nos meus plantões. Sempre surgem negociações nas viagens.”

Questionado sobre reclamações de colegas quanto à baixa rentabilidade da plataforma, o motorista afirma que cada um tem uma opinião a respeito, mas diz que muitos trabalham de “forma errada”. “Alguns motoristas encerram a corrida e ficam procurando passageiros, gastanto tempo e gasolina. Eu encerro e espero a chamada, no máximo em 4 minutos já tenho passageiro”, esclarece.