A confirmação de Goiânia como sede do MotoGP 2026 tem provocado uma escalada nos preços das diárias da rede hoteleira local e reduzido drasticamente a disponibilidade de vagas para o período do evento, que acontece entre os dias 20 e 22 de março. Levantamento realizado pela reportagem em plataformas de hospedagem mostra que hotéis e apartamentos por temporada registram aumento de até 567% em regiões tradicionalmente acessíveis, com casos que ultrapassam 1.000% em áreas mais próximas ao circuito.

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Comparativo em plataformas

Os preços para a segunda quinzena de outubro de 2025 variam entre R$ 104 e R$ 175 na região Norte de Goiânia. Já no Centro e no Setor Leste Universitário, as diárias aparecem entre R$ 128 e R$ 212, enquanto no Alto da Glória a média fica em torno de R$ 280. A análise mostra que, em um período sem eventos de grande porte, o mercado hoteleiro opera dentro de uma faixa considerada padrão para a Capital, com ampla oferta de unidades disponíveis e pouca oscilação entre bairros.

Valores de hospedagem para a segunda quinzena de outubro | Foto: Reprodução
Valores de hospedagem para a semana do moto GP em Goiânia | Foto: Reprodução
Valores de hospedagem para a segunda quinzena de outubro | Foto: Reprodução
Valores de hospedagem para a semana do moto GP em Goiânia | Foto: Reprodução

Na semana do Moto GP em Goiânia, entretanto, o cenário muda completamente. Além da baixa disponibilidade de hospedagens, os preços sofreram um salto abrupto. Nas mesmas regiões em que a diária custava entre R$ 128 e R$ 212, os valores saltam para R$ 1.400 a R$ 2.500. Já no entorno mais próximo da Arena onde ocorrerá a prova, há registros de hospedagens entre R$ 2.046 e R$ 7.761. Em outros pontos da cidade, imóveis que normalmente não ultrapassam R$ 300 chegam a ser anunciados por R$ 1.867, R$ 2.377 ou até R$ 4.666 — um aumento que supera 1.000% em alguns casos.

Rede hoteleira já opera perto da lotação

Dados do Sindicato de Hotéis de Goiânia indicam que a capital dispõe de aproximadamente 18,6 mil leitos regulamentados, que já se encontram majoritariamente reservados para equipes, staff técnico, jornalistas e operadoras de turismo ligadas ao evento. Parte da demanda excedente deverá ser absorvida por municípios vizinhos

Segundo a presidente do Sindicato de Hotéis de Goiânia, Anaiad de Assis Lopes, por se tratar de um de um evento de abrangência nacional a demanda pela rede hoteleira está altíssima, o que influencia no preço das hospedagens. “A própria staff das equipes e produção do evento correspondem a essa demanda também”, conta.

Com cerca de 19 mil leitos de hospedagem em Goiânia e com boa parte indisponível para a data, Lopes diz que o sindicato chegou a acionar a rede de cidades vizinhas como Aparecida de Goiânia para suprir a demanda para a data.

Sobre o aumento das diárias, Lopes argumenta que a hotelaria, assim como todo o trade turístico, trabalham com a flutuação de valores de acordo com as variações de mercado. “Não existe valor normal e a hotelaria, assim como todo o trade turístico estão organizados e prontos para receber o Moto GP”,

“Quando o evento foi divulgado, houve uma movimentação de preços muito altos em plataformas de locação de unidades não regulamentadas, e não na hotelaria formal. Os meios oficiais sempre estiveram alinhados com a organização e com o governo, justamente para preservar a pluralidade de perfis de público.”

Procon vai verificar alta de preços

O presidente do Procon Goiás, Marcos Palmerston, disse ao Jornal Opção que, embora ainda não haja reclamações formais registradas, o órgão já acompanha o caso e prepara ação preventiva para analisar a variação dos preços.

Segundo ele, a diferença entre os preços atuais e os praticados para a semana do evento pode configurar infração ao Código de Defesa do Consumidor: “Temos situações em que uma diária de R$ 250 passa a R$ 2.300. Essa variação chega a quase 1.000%. Se confirmada, pode sim ser considerada vantagem manifestamente excessiva e, portanto, prática abusiva, conforme o artigo 39 do CDC”, disse.

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