Fundador do Acredito diz que será oposição se Bolsonaro for reeleito

19 abril 2022 às 08h05

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José Frederico Lyra Netto lembra que em 2018 se posicionou a favor do petista Fernando Haddad, no segundo turno

Giselle Vanessa Carvalho
Nielton Soares Santos
Ex-titular do Escritório de Prioridades Estratégias da Prefeitura de Goiânia e ex-superintendente de Programas Educacionais Especiais da Secretaria de Educação Estadual de Goiás, e então filiado ao partido Rede Sustentabilidade, da ex-ministra e ex-presidencial Marina Silva, José Frederico Lyra Netto, um dos fundadores do movimento Acredito, fechou com o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), neste mês, para disputar uma vaga na Câmara Federal.
Entrevistado na redação do Jornal Opção, ele falou sobre posicionamento ideológico, das experiências do Acredito em partidos pequenos, as novas estratégias do grupo, que “amadureceu”, buscando agora integrar a partidos maiores e fez um balanço da atuação do movimento no Congresso Nacional, como votação de pautas polêmicas.
Jornal Opção – Como você se posiciona ideologicamente?
Ou sou de centro ou sou centro esquerda, dependendo do ângulo de quem ver. Então eu tenho uma visão social muito forte e acho que isso me define, pois vejo como um problema central o País. E eu tenho uma visão de economia com base em evidências. Uma visão fiscal responsável. Às vezes tido como a direita, para mim tudo bem. Em não importo não. Agora, em relação à defesa da democracia para mim é intransigente. Então, seria importante destacar que, em 2018, eu me posicionei, no segundo turno, declarando voto no (Fernando) Haddad, do PT, depende da situação.
Jornal Opção – Eleito, em um cenário onde Bolsonaro for reeleito, você seria oposição?
Sim. Agora a gente não somos oposição por oposição. Se a maioria dos projetos são ruins, como o caso dele (governo Jair Bolsonaro). Mas, sim, voto se vier coisa boa por parte do governo.
Jornal Opção – Qual balanço você faz sobre os mais de três anos de atuação do Acredito no Congresso Nacional?
Olha, o principal balanço é que poucas pessoas juntas podem fazer uma grande diferença. Esse foi o principal balanço. E falo isso com convicção. Eu foi chefe e gabinete compartilhado, que foi o primeiro gabinete compartilhado na história do Congresso. Uma ideia simples, três pessoas de partidos diferentes, de casos diferentes, resolveram fazer um gabinete comum. O que queríamos superar, eu uma pessoa ou duas sozinhas não faz a diferença. Eu vi ali, a CPI da Covid acontecer, por que o (senador) Alessandro Vieira (sem partido) entrou no STF (Supremo Tribunal Federal). A votação do projeto de lei contra a pobreza menstrual da (deputada) Tabata (Amaral – PSB), aconteceu não apenas por ela, mas por todo o movimento envolvido, embora boa parte foi liderado por ela. O Fudeb que o (deputado) Felipe Rigoni relatou, sobre a Educação, aconteceu tudo isso. Então o balanço que faço é esse, mesmo com poucas pessoas, pudemos fazer uma grande diferença no Congresso.
Giselle Vanessa Carvalho – O próprio Acredito está mais posicionado no centro e a esquerda? A Tábata que está posicionada à esquerda é criticada por certos posicionamentos. Você diz que o movimento é suprapartidário, mas é supraideológico? Com quem vocês dialogam?
Acho que melhor que esquerda ou direita, é melhor falar que o Acredito se pauta como movimento progressista. Talvez isso seja melhor. Então somos um momento progressista que olha para as evidências. Então você olha, o que está funcionando. A gente fala muito de fazer política pública olhando para as evidências. E olhando para o contexto que está, só que a gente não pensa igual, é um movimento plural. Então você ver um Rigoni e uma Tábata, o Alessandro Vieira. Eles não pensam igual, mas a máxima que nos une é continuar de pé, como movimento plural. Mas tem essa visão de mundo clara, que essa: desigualdade e um problema central que tem que ser combatida, a economia tem de ser moderna, competitiva, empreendedora, bem regulada e inclusiva; e defesa das instituições. A interpretação de esquerda ou direita, a gente deixa para as pessoas definirem.
Jornal Opção – O movimento faz orientação para os parlamentares votarem? Como foi o caso do chamado “PL do Veneno”, em que o Acredito foi a favor?
O Acredito não fecha questão. Não há essa ideia que todo mundo tem que votar como o movimento se posiciona. O movimento fecha posicionamentos, mas às vezes, as pessoas divergem dos parlamentares, que divergem dos posicionamentos do movimento. Assim, quando o parlamentar começa a ferir os valores do movimento por muito tempo, ele passa a não caber mais no movimento. O que a gente, em 2018, fez, concordamos com uma série de pautas, antes do jogo começar, assim antes das eleições. E foi interessante. A gente discutiu sobre educação, sobre previdência… Aí fizemos compromissos e acordos, antes de entrar lá (nos partidos), mas a gente não fecha questão, sobre essa ideia que ocorre nos partidos, que a pessoa vota diferente será expulsa. A gente não funciona assim. Mas, sim, nos queremos fazer de novo no novo ano os compromissos comuns de agenda de pais dentro dos nossos valores.