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O vereador Sargento Novandir (MDB) deve entrar com ação judicial contra a Comissão Especial de Inquérito (CEI) instaurada na Câmara Municipal que pretende apurar os contratos da LimpaGyn em Goiânia. Ele alega que a CEI atende a interesses políticos e é ilegítima. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 22. 

“Fizemos um estudo a respeito da CEI da LimpaGyn com os melhores advogados do Estado de Goiás e chegamos em um consenso de que ela é ilegítima, por isso, nós iremos entrar com uma ação na justiça para suspendê-la. Principalmente, também se tratando do motivo de ter interesses políticos”, disse ele.

Para Novandir, o objetivo com a judicialização é que a CEI seja impedida. Os vereadores devem se reunir na próxima terça-feira, dia 26, para tratar de conflitos relacionados ao trâmite da comissão, que antes mesmo de ser instalada já amplificou a divisão na base do prefeito Sandro Mabel.

“É uma CEI que tem apenas interesses políticos, e nós temos que nos preocupar com a limpeza de Goiânia e com o povo goianiense. Acredito que grande parte dos vereadores da CEI tem boas intenções, mas é importante garantir que a comissão não se torne um espaço para interesses pessoais. A população espera transparência e resultados concretos”, afirma o Sargento Novandir.

Retaliações

Novandir disse na sessão de quarta-feira, 20, que vem sofrendo retaliações por seu posicionamento e que teve um projeto “boicotado” pelos integrantes durante a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele chamou a comissão de  ‘CEI da barganha’ e disse que está pronto para falar que “90% de quem assinou não quer investigar a Limpa Gyn, mas quer é secretaria, barganha, vantagens, resolver a vida particular”.

“Quero ter um bom relacionamento, mas alguns vereadores me ameaçam por eu não ter assinado a CEI do Limpa Gyn. Já estou sofrendo retaliações. Um projeto de minha autoria, que estabelece diretrizes para reconhecer profissionais da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres, foi arquivado na CCJ. Mas, como critico a CEI, arquivaram meu projeto. Não vou citar o nome de quem pediu o arquivamento”, afirmou o parlamentar, em discurso no plenário.

Em resposta, o presidente da CCJ, vereador Luan Alves (MDB), afirmou ao colega que o projeto foi incluído na pauta, mas que o arquivamento foi uma decisão dos demais membros. “A CCJ não é usada para prejudicar quem quer que seja. O projeto foi tratado como todos os outros, eu coloco todos na pauta. Sobre os votos dos demais vereadores, eu não tenho controle. Meu objetivo é sempre pautar projetos que contribuam com Goiânia”, respondeu.

Na sequência, o autor do requerimento da CEI do Limpa Gyn, Cabo Senna (PRD), questionou a fala de Novandir, “Nossa cidade está suja e precisa que a Câmara esclareça essa situação. Não é um vereador que esbraveja na tribuna que vai impedir a fiscalização. Agradeço a todos que assinaram a CEI. Permaneceremos firmes no propósito de esclarecer todo o assunto relacionado ao contrato e ao trabalho da Limpa Gyn em nossa cidade”, comentou Senna.

Divisão da base

Após o desgaste com a votação da CEI, existe a possibilidade de que a base, atualmente próxima de 30 parlamentares, perca integrantes até 2026. Entre os 16 vereadores que assinaram, a expectativa dentro da Casa é de que mais da metade deve ficar sem problemas. No entanto, o restante deve se dividir entre independentes. Ou seja, a nova base de Mabel pode ficar em torno de 25 vereadores, conforme as informações de bastidores.

A bancada do Partido Liberal (PL), formada por quatro vereadores, deve seguir de forma independente, assim como o vereador Cabo Senna (PRD), um dos que lideraram a criação da CEI. Ainda há dúvidas sobre a situação de Franco, que depende da decisão do prefeito em relação à liderança. Por fim, o vereador Léo José (SD), outro parlamentar que participou da iniciativa para criar a comissão de investigação do Limpa Gyn, pode ser uma incógnita. 

Lucas Vergílio (MDB) e Sanches da Federal (PP) devem seguir de forma independente, enquanto o trio do Partido dos Trabalhadores (PT), formado por Edward Madureira, Fabrício Rosa e Kátia Maria, junto com a vereadora Aava Santiago (PSDB), devem permanecer na oposição.

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