A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia integra o Mutirão Nacional de Cirurgias dos Hospitais Filantrópicos, iniciativa coordenada pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB) com apoio do Ministério da Saúde, CONASS, CONASEMS e Governo Federal. A iniciativa será realizada neste sábado, 13, e domingo, 14. A mobilização ocorre dentro do programa Agora Tem Especialistas e busca ampliar o acesso da população a procedimentos eletivos do Sistema Único de Saúde (SUS), acelerando a fila de espera em todo o país.

Reconhecida como um dos principais pilares assistenciais de Goiás, a Santa Casa mobilizou suas equipes para disponibilizar mais de 60 cirurgias eletivas, contemplando as áreas de urologia, proctologia, cirurgia vascular, ortopedia de coluna, cirurgia geral, incluindo procedimentos de vesícula e hérnias, e cirurgia cardíaca para implante de marca-passo. A instituição, que possui nove salas cirúrgicas ativas, será uma das unidades com maior capacidade de produção durante o mutirão.

A iniciativa reforça o papel histórico dos hospitais filantrópicos, especialmente em municípios onde funcionam como porta de entrada para cirurgias do SUS. No caso de Goiânia, a Santa Casa consolida sua participação estratégica ao colocar sua estrutura e equipe a serviço da redução de filas acumuladas há anos no estado. As demandas atendidas chegam por meio das regulações municipal e estadual, priorizando pacientes já acompanhados pelo sistema público.

Em entrevista ao Jornal Opção, o superintendente técnico da Santa Casa, Pedro Ivandosvick, explicou a dimensão da participação da instituição no movimento nacional. “A Santa Casa hoje, dentro do município de Goiânia, é o maior hospital que faz atendimento para a população goianiense exclusivamente pela regulação municipal. E, além disso, é membro integrante da CMB. O Ministério da Saúde, dentro do projeto Agora Tem Especialistas, propôs um grande esforço nacional para reduzir as filas. Entramos nessa barca para ajudar a população a resolver a espera pelas cirurgias”, afirmou.

Segundo ele, para realização das cirurgias em dois dias, serão cerca de 40 médicos envolvidos, além das equipes de enfermagem e suporte. “Não precisamos de contratações temporárias. Toda a força de trabalho é da própria instituição”, disse.

Pedro explica que a escolha dos pacientes seguiu critérios técnicos claros. “Pegamos a lista de pacientes já direcionados para a Santa Casa e que estavam com consultas e exames pré-operatórios atualizados. Isso é fundamental. Muitos perguntam: ‘Estou na fila há três anos, por que não fui chamado?’ Muitas vezes, porque os exames não estavam válidos ou as consultas não tinham sido feitas. Não houve seleção de pessoas específicas, mas, sim, respeito à capacidade operacional das nossas nove salas”, explicou.

Ele acrescenta que, sem o mutirão, as 60 cirurgias levariam ao menos seis meses para serem realizadas, mesmo com a produtividade regular do hospital. A superintendência da Santa Casa já sugeriu ao Ministério da Saúde a continuidade da ação em 2026, com mutirões mensais, ampliando o impacto positivo na fila do SUS. Segundo Pedro Ivandosvick, algumas cirurgias contam com incrementos ministeriais que podem chegar a 300% do valor anteriormente pago, o que reforça a viabilidade do projeto.

Caminho até a cirurgia

O superintendente também explicou o fluxo que leva um usuário do SUS até o centro cirúrgico. “Tudo começa na UBS. O médico da família identifica a necessidade de consulta especializada e aciona a regulação. O paciente vem ao nosso ambulatório, onde avaliamos se o caso é cirúrgico. Se for, emitimos a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), que precisa ser validada pela Secretaria Municipal de Saúde. Só então ele entra na fila da cirurgia eletiva. É uma romaria, mas necessária para garantir segurança e organização”, afirmou.

O mutirão reúne Santas Casas e hospitais filantrópicos de todo o Brasil, responsáveis por cerca de 60% das internações de média e alta complexidade do SUS.

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