Sandro Mabel defende Samu próprio e recusa “teste” de terceirização do serviço em consórcio do Estado

08 agosto 2025 às 14h46

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O prefeito Sandro Mabel (UB) negou a possibilidade de terceirização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia. Questionado sobre a articulação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) para a criação de um consórcio regional, Mabel disse que o Samu é uma “entidade que funciona bem” e que existe admiração pelo trabalho feito. Rebateu ainda dizendo que “as terceirizações que nós estamos fazendo são para melhorar”.
O posicionamento foi compartilhado durante entrevista coletiva nesta sexta-feira, 8. A entidade comemorou 21 anos de atividade com presentes: novas ambulâncias e novos móveis. Goiânia também atende a 26 municípios vizinhos.
Já a possibilidade de usar serviços terceirizados dentro da entidade foi defendida por Mabel, que usou a situação da educação como comparativo. “Quanto ao Samu, nós não temos nenhuma ideia na questão de terceirização, mas nós temos coisas rápidas que nós vamos fazer […] Você precisa operar as coisas. Então, nessas operações, a gente pode usar um sistema terceirizado. Mas, no geral, eu gosto muito do nosso sistema mesmo”, disse.
Sobre o consórcio, o secretário municipal de Saúde, Luiz Pellizzer, disse ao Jornal Opção que Goiânia não quer ser um teste para o consórcio tratado pelo Governo do estado. O Consórcio Intermunicipal de Saúde da Macrorregião Centro-Norte (Cisceno) foi criado em janeiro deste ano para assumir a gestão regionalizada do Samu. Segundo o secretário, este ainda não foi implementado.
Luiz explicou que tem intenção de ver as outras quatro regiões aderindo ao consórcio para garantir que será efetivo, já que têm menos ambulâncias, o que seria mais fácil de manusear e gerenciar. “Neste momento eu não quero que o Samu de Goiânia seja teste. A gente prefere que esses testes sejam feitos em outros locais, tem regiões que têm um terço das ambulâncias, é muito mais fácil você experimentar. A gente também tem dúvidas sobre o fluxo financeiro”, afirmou.
Mabel ainda reforçou que não tem a intenção de fazer nenhum tipo de teste de um sistema integrado na capital. “A gente vai permanecer com o nosso SAMU, com as nossas equipes, até que se prove o contrário, até alguém me provar na prática de que eu estou errado”, disse o secretário que ainda citou o consórcio do Cissul Samu (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste de Minas Gerais), que atua em 154 municípios e lida com dívidas e problemas de repasse.
Segundo Pellizzer, independentemente de terceirização, se existe disponibilidade financeira para custeio por parte do Estado, “a gente pode oferecer a nossa conta, eles podem começar a custear de agora, já que são 26 municípios que a gente atende. Se eles quiserem aumentar a contrapartida deles, a gente aumenta”, disse.
O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Goiânia chegou a se posicionar contra uma gestão indireta das ambulâncias reforçando que a capital possui capacidade técnica e populacional para manter o seu próprio Samu. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (SindSaúde), Neia Aparecida, também se manifestou contra a proposta.
Funcionários afastados
Segundo Mabel, a Prefeitura está processando funcionários que estão afastados por atestado médico há anos. Ele acredita que, caso esses atestados não sejam comprovados e justos, os funcionários precisam devolver os salários que receberam nesse período. “Ou nós vamos dar uma licença eterna pra ele mesmo [demissão], que ele sai do sistema e abre a vaga dele para outro entrar, ou então ele volta pra trabalhar. Gente à toa não vai ficar. Quem precisa mesmo de um tratamento, nós vamos cuidar dessas pessoas”, disse.
Ambulâncias

Goiânia ainda lida com ambulâncias alugadas, mas receberá 21 novas ambulâncias do Ministério da Saúde, o que vai diminuir o custo de aluguel e renovar a frota. Atualmente, a capital tem 22 ambulâncias (sendo que seis delas ficam, obrigatoriamente, na reserva técnica), o que significa um aumento de 26% em atendimento do que na primeira metade do ano passado.
Melhorias no Samu
Mabel afirma que a saúde de Goiânia passou por uma reestruturação significativa. No Samu, a frota de ambulâncias aumentou e o serviço passou a contar com georreferenciamento e, em breve, com inteligência artificial para acionar a ambulância mais próxima e reposicionar as bases de acordo com a demanda. Outro avanço citado por ele é a regularização do fornecimento de medicamentos e insumos, que antes estava praticamente zerado. Hoje, o estoque chega a 70% ou 90% em muitas unidades, disse Mabel.
Na infraestrutura, estão previstas três novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) — duas com recursos de emendas parlamentares e uma com verbas do Ministério da Saúde. Segundo o prefeito, o modelo será “humanizado”, com espaços mais amplos, janelas e tetos altos, para oferecer mais conforto aos pacientes. Postos de saúde estão sendo reformados, com algumas unidades transformadas em clínicas de especialidades, como no Vale dos Sonhos, no Sobradinho e na Pedro Ludovico. O município também lançou o programa “Mais Especialidades”, voltado para zerar filas de exames e consultas especializadas, utilizando parcerias com hospitais privados, informou o prefeito.
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