O prefeito Sandro Mabel (UB) negou a possibilidade de terceirização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia. Questionado sobre a articulação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) para a criação de um consórcio regional, Mabel disse que o Samu é uma “entidade que funciona bem” e que existe admiração pelo trabalho feito. Rebateu ainda dizendo que “as terceirizações que nós estamos fazendo são para melhorar”.

O posicionamento foi compartilhado durante entrevista coletiva nesta sexta-feira, 8. A entidade comemorou 21 anos de atividade com presentes: novas ambulâncias e novos móveis. Goiânia também atende a 26 municípios vizinhos. 

Já a possibilidade de usar serviços terceirizados dentro da entidade foi defendida por Mabel, que usou a situação da educação como comparativo. “Quanto ao Samu, nós não temos nenhuma ideia na questão de terceirização, mas nós temos coisas rápidas que nós vamos fazer […] Você precisa operar as coisas. Então, nessas operações, a gente pode usar um sistema terceirizado. Mas, no geral, eu gosto muito do nosso sistema mesmo”, disse. 

Sobre o consórcio, o secretário municipal de Saúde, Luiz Pellizzer, disse ao Jornal Opção que Goiânia não quer ser um teste para o consórcio tratado pelo Governo do estado. O Consórcio Intermunicipal de Saúde da Macrorregião Centro-Norte (Cisceno) foi criado em janeiro deste ano para assumir a gestão regionalizada do Samu. Segundo o secretário, este ainda não foi implementado.

Luiz explicou que tem intenção de ver as outras quatro regiões aderindo ao consórcio para garantir que será efetivo, já que têm menos ambulâncias, o que seria mais fácil de manusear e gerenciar. “Neste momento eu não quero que o Samu de Goiânia seja teste. A gente prefere que esses testes sejam feitos em outros locais, tem regiões que têm um terço das ambulâncias, é muito mais fácil você experimentar. A gente também tem dúvidas sobre o fluxo financeiro”, afirmou.

Mabel ainda reforçou que não tem a intenção de fazer nenhum tipo de teste de um sistema integrado na capital. “A gente vai permanecer com o nosso SAMU, com as nossas equipes, até que se prove o contrário, até alguém me provar na prática de que eu estou errado”, disse o secretário que ainda citou o consórcio do Cissul Samu (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste de Minas Gerais), que atua em 154 municípios e lida com dívidas e problemas de repasse.

Segundo Pellizzer, independentemente de terceirização, se existe disponibilidade financeira para custeio por parte do Estado, “a gente pode oferecer a nossa conta, eles podem começar a custear de agora, já que são 26 municípios que a gente atende. Se eles quiserem aumentar a contrapartida deles, a gente aumenta”, disse.

O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Goiânia chegou a se posicionar contra uma gestão indireta das ambulâncias reforçando que a capital possui capacidade técnica e populacional para manter o seu próprio Samu. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (SindSaúde), Neia Aparecida, também se manifestou contra a proposta. 

Funcionários afastados

Segundo Mabel, a Prefeitura está processando funcionários que estão afastados por atestado médico há anos. Ele acredita que, caso esses atestados não sejam comprovados e justos, os funcionários precisam devolver os salários que receberam nesse período. “Ou nós vamos dar uma licença eterna pra ele mesmo [demissão], que ele sai do sistema e abre a vaga dele para outro entrar, ou então ele volta pra trabalhar. Gente à toa não vai ficar. Quem precisa mesmo de um tratamento, nós vamos cuidar dessas pessoas”, disse.

Ambulâncias

Foto: Secretaria Municipal de Saúde
Foto: Secretaria Municipal de Saúde

Goiânia ainda lida com ambulâncias alugadas, mas receberá 21 novas ambulâncias do Ministério da Saúde, o que vai diminuir o custo de aluguel e renovar a frota. Atualmente, a capital tem 22 ambulâncias (sendo que seis delas ficam, obrigatoriamente, na reserva técnica), o que significa um aumento de 26% em atendimento do que na primeira metade do ano passado.

Melhorias no Samu

Mabel afirma que a saúde de Goiânia passou por uma reestruturação significativa. No Samu, a frota de ambulâncias aumentou e o serviço passou a contar com georreferenciamento e, em breve, com inteligência artificial para acionar a ambulância mais próxima e reposicionar as bases de acordo com a demanda. Outro avanço citado por ele é a regularização do fornecimento de medicamentos e insumos, que antes estava praticamente zerado. Hoje, o estoque chega a 70% ou 90% em muitas unidades, disse Mabel.

Na infraestrutura, estão previstas três novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) — duas com recursos de emendas parlamentares e uma com verbas do Ministério da Saúde. Segundo o prefeito, o modelo será “humanizado”, com espaços mais amplos, janelas e tetos altos, para oferecer mais conforto aos pacientes. Postos de saúde estão sendo reformados, com algumas unidades transformadas em clínicas de especialidades, como no Vale dos Sonhos, no Sobradinho e na Pedro Ludovico. O município também lançou o programa “Mais Especialidades”, voltado para zerar filas de exames e consultas especializadas, utilizando parcerias com hospitais privados, informou o prefeito.

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