Saiba quanto lucra um motorista de aplicativo em Goiânia trabalhando 54 horas por semana

17 agosto 2025 às 10h19

COMPARTILHAR
Com uma base de dados sobre trabalhadores de aplicativos no país, uma fintech desenvolveu um jogo onde é possível “treinar” para as melhores corridas. A análise inclui despesas com combustível, manutenção, aluguel de veículos, tempo de trabalho e margem de lucro, revelando um retrato detalhado da sustentabilidade financeira da atividade em um cenário marcado pela opacidade de dados por parte das plataformas.
Com a base de dados foi possível verificar que motoristas de aplicativo em Goiânia faturam, em média, R$ 6.5 mil por mês, com custos operacionais que chegar a R$ 3.5 mil, ou seja, um lucro líquido equivalente a R$ 13,41 por hora trabalhada em uma jornada semanal de 54 horas.
O gasto com gasolina é de R$ 1.9 mil por mês, sendo a maioria (73,86%) com frota própria e 26,14% alugam veículos, em modalidade com gastos mais alto e menor magem de lucro.
As despesas variam
Em maio deste ano, a plataforma também realizou uma pesquisa nacional sobre o perfil dos motoristas de aplicativo no Brasil. O estudo apontou que 70% dos trabalhadores dependem exclusivamente das plataformas como principal fonte de renda e que metade atua por mais de 9 horas por dia. Ainda assim, mais de 80% não têm proteção previdenciária, 38% não possuem plano de saúde e 67% estão endividados. A pesquisa reforça a vulnerabilidade estrutural de uma categoria essencial à mobilidade urbana, mas desprovida de garantias básicas.
Para Luiz Gustavo Neves, cofundador e CEO da Gigu, o cenário exige atenção:
“Esses dados são preciosos porque ajudam a entender o que acontece por trás do volante. A Uber e outras plataformas não divulgam esses números, o que deixa motoristas no escuro. A Gigu se propõe a mudar isso — oferecendo ferramentas que ajudam esses profissionais a tomar decisões com mais autonomia, inclusive sobre como e quanto vale a pena trabalhar.”
Além dos estudos e relatórios, a empresa lançou recentemente o jogo gratuito “Vida de Motorista”, uma experiência online que simula o dia a dia de Carlinhos, um motorista de app de 25 anos em São Paulo. O jogador precisa tomar decisões em segundos, avaliando distância, valor e destino de cada corrida, com a meta de fechar o dia no azul — um retrato fiel dos dilemas enfrentados por milhões de trabalhadores nas ruas do país.
“Queremos mostrar, de forma simples e acessível, como funciona essa dinâmica de trabalho. O jogo ajuda a ilustrar os desafios que estão por trás das escolhas que os motoristas precisam fazer a cada minuto do dia”, afirma Pedro Inada, co-CEO da empresa.
“Os dados mostram que ser motorista de app é lidar com pressão e incerteza o tempo todo. Com o jogo, a gente quer abrir essa conversa — e mostrar que o que parece simples, na prática, é um desafio que nem todos conseguem superar.”
Leia também:
Entenda a crise nas maternidades de Goiânia e como ela pode estar prestes a acabar
Mais da metade das cidades em Goiás têm orçamento menor que emendas de deputados e senadores