Considerado o objeto mais sagrado do judaísmo antigo, a Arca da Aliança desapareceu séculos antes da destruição do Segundo Templo de Jerusalém, em 70 d.C., sem deixar registros claros sobre seu destino. Relatos históricos e textos religiosos indicam que, ao contrário de outros tesouros saqueados pelos romanos, a arca já não estava mais no templo quando Jerusalém caiu diante das tropas do general Tito.

O historiador judeu Flávio Josefo descreveu em A Guerra Judaica o saque do templo e o desfile triunfal em Roma com objetos sagrados, como o candelabro de ouro e a mesa dos pães. A Arca da Aliança, porém, não aparece entre os itens levados, reforçando a tese de que havia desaparecido muito antes.

Segundo estudos citados pelo National Geographic, o sumiço da arca provavelmente ocorreu entre o reinado do rei Josias, no século 7 a.C., e a destruição do Primeiro Templo pelos babilônios, em 586 a.C. Nenhuma fonte confiável relata sua captura por Nabucodonosor II, nem sua presença entre os despojos romanos séculos depois.

A Bíblia Hebraica descreve a arca como um cofre de madeira de acácia revestido de ouro, construído por ordem divina para guardar as Tábuas da Lei, além do maná e da vara de Aarão. Durante séculos, ela ocupou papel central na vida religiosa de Israel, sendo associada a milagres, vitórias militares e à presença direta de Deus entre o povo.

Textos religiosos posteriores oferecem hipóteses para seu desaparecimento. O Talmude relata que Josias teria ordenado que a arca fosse escondida em câmaras subterrâneas do templo, prevendo sua destruição. Já o Segundo Livro dos Macabeus afirma que o profeta Jeremias teria ocultado a arca em uma caverna no Monte Nebo, na atual Jordânia, selando o local.

Há ainda teorias acadêmicas modernas. O arqueólogo Leen Ritmeyer sustenta que a arca pode continuar enterrada sob o antigo local do Santo dos Santos, no Monte do Templo, hoje ocupado pelo complexo da Mesquita de Al-Aqsa. A hipótese se baseia em estruturas subterrâneas identificadas na região, mas não pode ser investigada devido às restrições religiosas e políticas do local.

Outras especulações sugerem que a arca possa ter sido removida por sacerdotes para evitar profanação, derretida por invasores ou até oferecida como tributo durante períodos de dominação estrangeira, como no reinado de Manassés. Nenhuma dessas hipóteses, no entanto, foi comprovada.

Sem evidências arqueológicas conclusivas, o destino da Arca da Aliança permanece um dos maiores mistérios da história antiga. Para pesquisadores, mais do que um objeto perdido, a arca se tornou símbolo das lacunas entre fé, tradição e registros históricos.

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