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A sessão comercial de sexta-feira, 17, trouxe novas tensões para os mercados globais, e um tema em especial tem ganhado destaque: o risco de uma crise de crédito nos Estados Unidos.

Além das incertezas nas relações entre EUA e China, após o anúncio de novas tarifas pelo presidente Donald Trump, e das dúvidas sobre uma possível bolha no setor de Inteligência Artificial (IA), cresce o medo de que o sistema financeiro americano esteja prestes a enfrentar um novo colapso.

O colapso das empresas First Brands Group e Tricolor Holdings reacendeu o alerta em Wall Street. Embora as perdas dos bancos regionais Zions Bancorp e Western Alliance Bancorp, na casa de dezenas de milhões de dólares, e não bilhões, pareçam limitadas, a descoberta de possíveis fraudes em empréstimos intensificou as preocupações sobre a saúde do crédito nos EUA.

“A preocupação ganhou força após a divulgação de suspeitas de fraudes em empréstimos vinculados a fundos imobiliários problemáticos, o que levou investidores a reduzir a exposição ao setor”, destacou a Ágora Investimentos.

O Zions Bank reportou perdas de US$ 50 milhões, e as ações do Western Alliance caíram 11%, reacendendo discussões sobre a fragilidade dos bancos regionais americanos, segundo José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos. Apesar da turbulência internacional, o especialista aponta que o Brasil mantém base sólida, abrindo espaço para estabilidade e oportunidades no mercado local.

O risco de contaminação no sistema financeiro americano

Uma eventual crise de crédito nos EUA, ainda que comece entre instituições menores, pode se espalhar para bancos e fundos maiores, ampliando o risco sistêmico. Atualmente, bancos regionais e médios vêm ampliando sua exposição a empréstimos privados e fundos imobiliários alavancados, setores tradicionalmente mais arriscados.

Mesmo assim, executivos como Jeremy Barnum (JPMorgan) e Michael Santomassimo (Wells Fargo) afirmaram que as exposições mais relevantes estão concentradas em players grandes e estabelecidos, buscando acalmar o mercado.

O alerta mais duro veio de Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, após as recentes falências no setor. “Provavelmente não deveria dizer isso, mas quando você vê uma barata, provavelmente há mais. Todos devem estar avisados sobre isso”, disse Dimon em teleconferência com analistas.

O executivo destacou que o aumento acelerado de empréstimos corporativos, aliado à busca por altos retornos, eleva o risco de perdas significativas caso a economia americana entre em recessão.

A declaração foi rebatida por Marc Lipschultz, chefe da Blue Owl Capital, que afirmou que os maiores problemas estão nos empréstimos liderados por bancos tradicionais, e que Dimon deveria olhar para os próprios balanços antes de criticar os novos participantes do mercado de crédito.

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