Adriana Accorsi é a única deputada de Goiás a votar contra o “PL da Devastação”; saiba como cada um votou

Em meio à aprovação do projeto que redefine o licenciamento ambiental no Brasil, apelidado de “PL da Devastação” por ambientalistas, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) se destacou como a única representante de Goiás a votar contra a proposta. O texto, aprovado na madrugada de quinta-feira, 17, por 267 votos a 116, teve o apoio em massa da bancada goiana, que acompanhou os votos favoráveis dos partidos PL, PP, Republicanos, União Brasil, PRD, MDB e Podemos.

No PL, legenda que liderou o apoio à proposta, todos os 66 deputados votaram “sim”, incluindo o goiano Daniel Agrobom. O PP seguiu na mesma linha, com seus 35 parlamentares, entre eles Adriano do Baldy (GO), aderindo em peso ao texto.

O mesmo ocorreu com o União Brasil, que teve 39 votos favoráveis, entre os quais os deputados goianos Dr. Zacharias Calil e Silvye Alves, e com o PRD, representado em Goiás por Magda Mofatto, que também apoiou a matéria.

No Podemos, Glaustin da Fokus foi o único goiano do partido e votou “sim”. No total, a legenda teve sete votos, dos quais quatro favoráveis e três contrários. Já o MDB, com 22 votos favoráveis e apenas um contrário, contou com o apoio de Marussa Boldrin (GO), consolidando o estado na ala pró-projeto.

Entre os 8 deputados federais goianos na votação, apenas Adriana Accorsi decidiu romper com a maioria da bancada e votar contra. Sua decisão a isolou politicamente no estado, mas reforçou sua coerência com a pauta ambiental e alinhamento com a posição nacional do Partido dos Trabalhadores, que votou de forma unânime contra o PL da Devastação.

A parlamentar justificou seu voto em publicação nas redes sociais, onde afirmou: “Votei CONTRA essa proposta, que é um enorme retrocesso para a proteção ambiental no Brasil (…) Tragédias como Mariana, Brumadinho e as enchentes no RS não podem se repetir! O Brasil não aguenta mais retrocessos”, concluiu, convocando a sociedade a pressionar pelo “Veto total a esse absurdo”.

Votos dos deputados de Goiás na “PL da Devastação“

• Adriano do Baldy (PP‑GO) – Sim
  
• Daniel Agrobom (PL‑GO) – Sim
  
• Dr. Zacharias Calil (União‑GO) – Sim
  
• Magda Mofatto (PRD‑GO) – Sim
  
• Silvye Alves (União‑GO) – Sim
  
• Marussa Boldrin (MDB‑GO) – Sim
  
• Adriana Accorsi (PT‑GO) – Não
  
• Glaustin da Fokus (Podemos) – Sim
• Flávia Morais (PDT) – Sim

A divisão entre os partidos foi clara e, em muitos casos, previsível. Entre os partidos que se colocaram majoritariamente contra o projeto estão PT (42 votos “não”), PSOL (10 votos “não”), PCdoB (7 votos “não”), PSB (7 votos “não”), PV (2 votos “não”), e Rede (1 voto “não”). No campo progressista, PDT também mostrou resistência, ainda que com votos divididos.

Já as siglas como PL (66 “sim”), PP (35 “sim”), PSD (25 “sim”), União Brasil (39 “sim”) e Republicanos (29 “sim”) deram ampla sustentação ao projeto. O PSDB também votou de forma unificada a favor, com sete votos. Entre os partidos menores, o Novo contribuiu com seus quatro parlamentares, todos pró-projeto.

O que está em jogo

Uma das alterações é a criação da Licença Especial, que permite que empreendimentos considerados “estratégicos” pelo Executivo federal sejam liberados de forma acelerada, sem passar por uma análise ambiental rigorosa.

Além disso, a nova legislação passa a dispensar o licenciamento prévio para uma série de atividades, como obras de extensão de rodovias, instalações voltadas à agregação pecuária, construção de pequenas barragens e estações de abastecimento de água e esgoto. Esses empreendimentos poderão funcionar sem autorização até que o país atinja as metas de universalização dos serviços, o que, segundo críticos, representa um risco ao meio ambiente e à segurança hídrica.

Outra mudança é a autorização para a renovação automática de licenças ambientais, com base em autodeclarações feitas online, o que elimina a necessidade de reavaliações técnicas periódicas sobre os impactos ambientais das atividades.

A proposta também institui um desmonte institucional ao transferir a responsabilidade sobre licenças ambientais de mineração para estados e municípios, que agora poderão tomar decisões sem consultar o Ibama. Isso altera as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e flexibiliza proteções legais de biomas sensíveis, como a Mata Atlântica.

Veja como votou cada um dos deputados: 

Fonte: Câmara dos Deputados

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