Relembre o caso da idosa que enganou o Brasil ao se passar por sobrevivente do Titanic

Em 1979, o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu uma reportagem que emocionou o público ao apresentar a história de Eva Charbo, então com 81 anos, apontada como uma das sobreviventes do naufrágio do Titanic, ocorrido em 1912. A narrativa, porém, anos depois, foi revelada como falsa: Eva nunca esteve a bordo do navio.

Na reportagem, Eva era apresentada como uma jovem bailarina de 14 anos à época do desastre, nascida na Espanha, mas registrada no Brasil, que teria viajado com a mãe no transatlântico. Em tom dramático, ela relatou o choque com o iceberg, o caos entre passageiros, a separação entre homens e mulheres nos botes salva-vidas e a luta para salvar a própria mãe, que não sabia nadar. O depoimento incluía detalhes marcantes, como a orquestra tocando o hino religioso ‘Mais perto de ti, Senhor’ e a imagem do comandante afundando junto com o navio.

A história ganhou força não apenas pela riqueza de detalhes, mas também pelo cenário: Eva vivia no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, e mostrava fotografias enquanto relembrava o suposto trauma vivido no naufrágio. Ao fim, deixava uma lição de vida: “A vida é boa, nós que não sabemos apreciá-la”.

Apesar do impacto causado no público, pesquisadores e historiadores passaram, ao longo dos anos, a questionar a veracidade do relato. O nome de Eva Charbo não consta em nenhuma lista oficial de passageiros ou sobreviventes do Titanic, amplamente documentadas ao longo do século XX. Não há registros de uma adolescente com esse perfil entre os cerca de 700 sobreviventes do naufrágio.

Além disso, diversos elementos do depoimento apresentavam inconsistências históricas, como a descrição do resgate por um “navio pescador de bacalhau”, quando, na realidade, o principal navio responsável pelo salvamento foi o RMS Carpathia. Especialistas também apontam que alguns detalhes narrados se popularizaram décadas depois, a partir de livros, reportagens e produções cinematográficas sobre o Titanic. Assista a reportagem exibida à época pelo Fantástico abaixo:

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