Registro inédito mostra onça-preta acasalando na Amazônia

05 setembro 2025 às 12h28

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Pesquisadores registraram pela primeira vez na natureza o acasalamento de uma onça-preta com uma onça-pintada comum. A cena rara foi documentada no Parque Nacional da Serra do Pardo, no Rio Xingu, e divulgada em estudo publicado em 25 de agosto na revista Ecology and Evolution.
O flagrante ocorreu durante a Expedição de Biodiversidade e Carbono na Amazônia (ABC), que investiga a fauna e a flora da região. A gravação tem seis minutos de duração e mostra o “namoro” e a cópula entre os felinos.
“Foi um golpe de sorte. Se eles tivessem se movido alguns metros, teríamos perdido tudo”, relatou Carlos Peres, professor da Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido.
Raridade genética
A fêmea registrada possui melanismo, condição genética rara caracterizada pela produção excessiva de melanina, pigmento responsável pela coloração escura da pele e dos pelos. Esse fenômeno é mais comum em regiões úmidas da Amazônia.
Embora a aparência da pelagem possa influenciar alguns comportamentos, o estudo não encontrou diferenças significativas nos padrões de acasalamento entre onças-pintadas melanísticas e malhadas.
Estratégia de sobrevivência
Os cientistas observaram que a onça-preta apresentava sinais de lactação, o que indicaria que ela poderia estar em pseudoestro — comportamento em que a fêmea simula receptividade sexual para confundir potenciais predadores e proteger os filhotes.
“Se estava de fato amamentando, o acasalamento pode ser uma estratégia de ‘esconde-esconde’ para confundir a paternidade”, explicou Thomas Luypaert, pesquisador da Universidade Norueguesa de Ciências da Vida (NMBU).
Avanços na conservação
Segundo os pesquisadores, compreender o comportamento das onças na natureza é fundamental para estratégias de conservação e reprodução em cativeiro. O estudo deve contribuir para aprimorar técnicas de inseminação artificial e aumentar as chances de preservação da espécie.
“Cada novo conhecimento sobre o comportamento das onças nos ajuda a protegê-las melhor. Esses animais estão sob forte pressão, e precisamos de todas as informações possíveis”, afirmou Luypaert.
Os cientistas destacaram ainda a importância das armadilhas fotográficas, que permitem captar momentos raros sem interferir no habitat natural.
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