Pesquisadores documentaram o ataque de 36 espécies de serpentes em câmeras super lentas para observar um comportamento pouco descrito na literatura: o reposicionamento de presas após a primeira mordida. O estudo foi conduzido em Paris, na França, no centro especializado Venomworld, instituição dedicada à produção e pesquisa sobre toxinas de serpentes.

As serpentes foram monitoradas individualmente em recintos transparentes e submetidas a gravações dos ataques utilizando uma câmera de alta velocidade. Para cada indivíduo, foram capturados de três a oito golpes frontais, em ângulo lateral de 90°, em direção a um gel simulando tecido animal.

Representação do esquema para a gravação dos ataques | Foto: Reprodução

Ataques e reposicionamento

A análise das gravações confirmou que a estratégia de ataque envolve uma aceleração explosiva da porção anterior do corpo, seguida pela abertura quase simultânea da mandíbula instantes antes do contato. Após a mordida inicial, porém, metade das espécies reposicionou uma ou ambas as presas, retirando-as e reinserindo-as em um ângulo mais favorável para maximizar a eficiência da inoculação.

Esse ajuste ocorre principalmente quando o ponto inicial de mordida não oferece fixação adequada ou quando a “aderência” à presa é insuficiente para garantir imobilização rápida. Em alguns registros, os pesquisadores observaram um movimento descrito como um “caminhar” mandibular, no qual uma das presas é avançada e recolocada mais profundamente antes que a segunda a acompanhe.

Velocidade de ataque

Segundo o estudo, as cobras venenosas desenvolveram ataques rápidos para capturar suas presas preferida. Em mamíferos, os saltos e os músculos podem ser ativados em 14-151 milissegundo. “Nossos resultados confirmam isso, pois 84% dos viperídeos incluídos neste estudo atingiram suas presas em menos de 90 ms e 55% nos primeiros 60 ms, tornando-os mais rápidos do que a resposta média dos mamíferos”, diz o documento.

Apesar da rápida resposta das presas, quando elas conseguem escapar a tempo, as cobras ainda podem alcançá-las, “desde que sua aceleração seja maior do que a aceleração do vôo da presa”.

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