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A devolução de impostos sobre o consumo prevista na reforma tributária , por meio do mecanismo de cashback , deve ter impacto expressivo na renda das famílias goianas de baixa renda. Segundo estudo do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) , o acréscimo médio na renda mensal das famílias beneficiárias pode chegar a 12% em Goiás , o maior percentual estimado entre os estados brasileiros.

O levantamento, coordenado pelo pesquisador Rafael Barros Barbosa , com a participação de Glauber Nojosa e Francisco Mário Martins , da Universidade Federal do Ceará (UFC) , mostra que o cashback — previsto para começar a ser aplicado em 2027 — deverá representar um retorno médio de R$ 57,75 por mês às famílias goianas com renda per capita de até meio salário mínimo , inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) .

Esse valor corresponde a um acréscimo mensal próximo de 12% na renda, o que, segundo o estudo, é superior ao impacto esperado em regiões como o Nordeste (7,8%) e o Norte (8,3%). No Sul e no Sudeste, os aumentos médios deverão ser de 10,1% e 11%, respectivamente.

Para o economista goiano Fernando Nogueira , professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), o resultado reflete uma combinação de fatores regionais:

“Goiás apresenta um nível intermediário de preços e uma formalização do consumo maior do que em outras regiões, o que amplia o potencial de devolução do imposto. O cashback deve representar um reforço importante no orçamento das famílias de menor renda, com efeitos diretos sobre o comércio e a economia local”, explica ao Valor Econômico.

O cashback tributário é uma das principais medidas da reforma, projetada para reduzir a regressividade do sistema tributário , isto é, o peso maior dos impostos sobre o consumo que recai proporcionalmente sobre os mais pobres. A proposta prevê que as famílias inscritas no CadÚnico recebam parte do valor pago em impostos sobre bens e serviços, em especial energia elétrica, gás de cozinha e alimentos.

Apesar do foco social, o pesquisador Rafael Barbosa destaca que o programa não foi concebido como instrumento de redução das desigualdades regionais, mas de mitigação da carga tributária sobre os mais pobres :

“O cashback não tem como foco diminuir as disparidades entre regiões, e sim corrigir a regressividade dos tributos sobre o consumo”, afirmou Barbosa.

Em Goiás, o impacto esperado tende a se refletir também no aquecimento da economia local , especialmente em municípios com maior número de famílias de baixa renda cadastradas em programas sociais. A expectativa é que o aumento da renda disponível se traduza em mais consumo e circulação de recursos dentro do estado.

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