O aumento do salário-mínimo para R$ 1.621, previsto para vigorar a partir de janeiro de 2026, vai impactar diretamente o valor da contribuição mensal dos Microempreendedores Individuais (MEI).

Os novos valores, calculados automaticamente, já que o tributo corresponde a um percentual do mínimo, entrarão nos boletos com vencimento em 20 de fevereiro. Com o reajuste, a contribuição passará a variar entre R$ 82,05 e R$ 87,05, conforme o tipo de atividade econômica.

Para o MEI Caminhoneiro, o valor será maior, ficando entre R$ 202,42 e R$ 207,42, devido à alíquota diferenciada do INSS. “Sempre que o salário mínimo aumenta, a contribuição também aumenta”, diz presidente do CRCGO

Em entrevista ao Jornal Opção, a presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRCGO), Sucena Hummel, explicou que o reajuste não representa uma mudança inesperada, mas um mecanismo já previsto na criação da modalidade.

“Desde quando foi criado o microempreendedor, a sua contribuição é vinculada ao salário mínimo. Sempre é 5% do salário mínimo. Então, todas as vezes que o salário aumenta, a contribuição também aumenta”, afirmou.

Segundo ela, o início do ano é o momento ideal para que o MEI revise sua situação fiscal: “A gente sempre divulga porque é o momento do microempreendedor se regularizar, verificar se tem alguma pendência ou pagamento em atraso. Se ele deixa de pagar, além do aumento anual, ele tem juros e multas.”

Riscos de golpe e cuidados ao emitir o DAS

Sucena também orienta que o MEI tenha atenção redobrada ao emitir o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). Ela reforça que o procedimento é gratuito e deve ser feito exclusivamente pelos canais oficiais.

“O acesso de onde ele faz toda a emissão do DAS é totalmente gratuito. Ele precisa verificar que o acesso é através do CNPJ dele e ele mesmo fazer essa emissão, para que não caia em golpes”, destacou.

A presidente ainda alertou: “A Receita Federal não envia boleto, não manda mensagem de WhatsApp, link, nada disso. Ou o MEI entra no Portal do Empreendedor e retira sua guia, ou procura o auxílio de um profissional da contabilidade.”

Sucena enfatiza que deixar de pagar, ou mesmo atrasar a contribuição, acarreta perda imediata de benefícios. Entre os benefícios comprometidos, ela cita: “Ele perde aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença, salário-maternidade, auxílio-reclusão e pensão por morte. Ele perde todos os benefícios.”

Para a presidente do CRCGO, a regularidade é essencial para garantir proteção em situações emergenciais: “É importante ficar sempre com a contribuição em dia, para que, num caso emergencial, o microempreendedor não perca o seu benefício.”

Com a chegada do reajuste, o CRCGO recomenda que o MEI faça planejamento e verifique se está enquadrado corretamente na categoria. “Planejamento financeiro é fundamental. O MEI tem contribuição fixa, mas ele pode ser desenquadrado, e, se isso ocorrer, a carga tributária aumenta”, explicou Sucena.

Ela aconselha que o empreendedor mantenha sua documentação em ordem e não adie regularizações: “Que ele utilize o benefício da tributação reduzida, fique em dia com seu negócio e com os benefícios que tem. Se tiver alguma dívida, que faça um parcelamento para não ter nenhum tipo de problema.”

Novos valores do DAS-MEI em 2026

  • Comércio e indústria: R$ 82,05
  • Prestadores de serviços: R$ 86,05
  • Comércio + serviços: R$ 87,05
  • MEI Caminhoneiro: de R$ 202,42 a R$ 207,42

Goiás possui mais de 676 mil MEIs ativos, segundo a Junta Comercial do Estado (Juceg). O volume coloca o estado como o maior da Região Centro-Oeste em número de empreendedores individuais, de acordo com o Sebrae-Goiás.

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