Reajuste de mensalidade escolar em 2026 deve ser o dobro da inflação, aponta pesquisa

29 setembro 2025 às 16h16

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Segundo levantamento do Grupo Rabbit, consultoria especializada em instituições privadas de ensino, as escolas particulares devem aumentar as mensalidades em média 9,8%, mais que o dobro da inflação prevista para este ano pelo Banco Central, que é de 4,83%.
A pesquisa ouviu 308 escolas privadas de todas as regiões do país e aponta que o aumento será mais significativo do que nos últimos anos: em 2023, a média de reajuste foi de 9,3%, enquanto em 2024 ficou em 9,5%.
A maior parte das escolas começa a informar as famílias sobre as novas mensalidades no fim deste mês, no momento da renovação das matrículas. Christian Coelho, CEO do Grupo Rabbit, explica que três fatores determinam o reajuste de mensalidades escolares.
Primeiro, a inflação acumulada no período (5,13% nos 12 meses até agosto); segundo, investimentos feitos no ano anterior; e por último, reajuste salarial de professores e funcionários administrativos.
“O grande custo das escolas é a manutenção e os investimentos em novas atividades e recursos, como programas bilíngues”, afirma Coelho. Para os pais, o aumento das mensalidades exige planejamento orçamentário, já que os valores variam de acordo com cada instituição.
O que diz o sindicato
Segundo Flávio de Castro, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (SEPE-GO), o aumento das mensalidades nas escolas particulares segue regras estabelecidas por lei federal, e não há um valor fixo que possa ser adotado por todas as instituições.
Ao Jornal Opção, ele explicou que a legislação que regula o setor é a Lei nº 9.870, conhecida como a “Lei das Anuidades escolares”. “Todas as escolas precisam cumprir essa legislação. Ela prevê que a escola, até 45 dias antes do início das aulas, deve fazer uma planilha de custos e calcular qual será a anuidade escolar. Essa anuidade deve ser dividida, no mínimo, em 12 parcelas, que as pessoas vulgarmente chamam de mensalidades”, explicou.
Flávio detalhou ainda como os valores são calculados: “Essa planilha inclui folha de pagamento, impostos, encargos do prédio, serviços terceirizados, enfim, tudo o que é necessário para manter a turma funcionando durante um ano. Com esses números, a escola define o valor da mensalidade de cada série e deixa a planilha justificada e disponível para consulta.”
O presidente do SEPE-GO destacou que as escolas também precisam apresentar o contrato de prestação de serviços, deixando claras as cláusulas para os responsáveis pelos alunos. “O pai precisa ser informado sobre o período, o valor da mensalidade, o que está sendo cobrado, o projeto político-pedagógico, e as soluções pedagógicas que a escola oferece”, afirmou.
Flávio ressaltou que comparar mensalidades entre escolas não é adequado, já que cada instituição oferece serviços diferentes. “Você tem escolas com mensalidade de R$ 300, R$ 400, e outras com educação bilíngue, aulas das 7h às 18h, atividades esportivas, que chegam a custar mais de R$ 3 mil. Não há como comparar. Cada escola tem sua realidade e sua solução pedagógica.”
Ele também explicou que o SEPE-GO não define valores de reajuste. “O sindicato não indica aumento de preço de mensalidade. Quem vai verificar a solução pedagógica e se a legislação está sendo cumprida é o Procon. Uma escola pode aumentar 1% ou 20%, desde que tudo esteja justificado pela prestação de serviço e pela planilha de custos.”
Flávio citou casos extremos para ilustrar a diversidade de valores cobrados, justificando que o levantamento do instituto não faz sentido fazer média. “Tem escola em São Paulo que cobra R$ 10 mil por mês, com três alunos por sala, aulas das 6h às 18h, viagens e atividades diversas. Está tudo justificado. E tem escola na periferia que cobra R$ 150 ou R$ 200. Cada realidade é diferente.”
Por fim, ele descartou a divulgação de médias de reajuste, por entender que não seria representativa comparar escolas com soluções pedagógicas diferentes. Nesse sentido, não foi possível obter uma estimativa projeção de aumento médio de mensalidades para Goiânia.
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