Puxada por Caiado e ACM Neto, “ala DEM” do União Brasil “cortou asinhas” de Moro

03 abril 2022 às 09h01

COMPARTILHAR
Partido mira Senado para o ex-juiz, mas seus aliados ainda acreditam em reverter o quadro se pesquisas o favorecerem

A “ala DEM” do União Brasil (UB) pressionou e a cúpula do União Brasil, como um todo, teve de se posicionar quanto ao caso Sergio Moro. Na quinta-feira, 31, o ex-juiz deixou o Podemos e se filiou ao partido comandado por Luciano Bivar, da “ala PSL”.
Na visão do partido, o projeto de Moro deixava de ser nacional – ou seja, presidencial – e passava a ser o foco do UB em São Paulo. Mas, no dia seguinte, a sexta-feira, 1º, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro disse em entrevista que não havia desistido “de nada”, indicando que seguia em seu projeto de corrida ao Planalto.
A declaração gerou uma reação da “ala DEM” comandada pelo governador Ronaldo Caiado e pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, secretário-geral do partido. O resultado foi um requerimento pedindo a impugnação da filiação do líder da chamada “República de Curitiba”.
Neste sábado, o UB fechou um acordo, colocando no papel a restrição do alcance do projeto de Sergio Moro, evitando sua impugnação. Segundo líderes do partido, os dois lados recuaram e o neofiliado teria aceitado ficar com uma candidatura a deputado ou, no máximo, a senador.
[relacionadas artigos=”390644″]
A nota do UB destaca Sergio Moro como um “homem íntegro, capaz de enriquecer, junto às demais lideranças partidárias, a discussão sobre o futuro que almejamos para o país”. Logo depois, no entanto, para “fazer a risca no chão para o ex-juiz”, diz que “sua filiação ao União Brasil tem como objetivo a construção de um projeto político-partidário no estado de São Paulo e facilitar a construção do centro democrático, bem como o fortalecimento do propósito de continuarmos crescendo em todo o país”.
Puxadas por Bivar e ACM Neto, as negociações entre as duas alas do UB buscaram acabar com a crise. Os aliados de Moro no partido, porém, ainda dizem que ele pode até virar candidato no futuro a presidente, caso cresça nas pesquisas. “Neste momento” – para buscar a referência numa expressão dita pelo próprio possível ex-presidenciável –, a “ala DEM” não aceita a pré-candidatura de Moro a presidente porque isso criaria dificuldades para seus aliados nos Estados.
Nos bastidores, as negociações se dão para que Sergio Moro saia ao Senado em São Paulo, após José Luiz Datena deixar a legenda e ir para o PSC, numa aliança com o ex-ministro Tarcísio de Freitas Gomes (Republicanos), pré-candidato bolsonarista ao governo paulista.