Professor explica por que alunos acham que “zeraram” a redação do Enem e garante que a maioria se surpreende com a nota
12 novembro 2025 às 11h09

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A sensação de ter ido mal na redação do Enem é mais comum do que parece, segundo o professor Tony Gomes. Ao Jornal Opção, ele explica que muitos alunos saem da prova com a impressão de que “zeraram” o texto, mas, na maioria das vezes, o desempenho é melhor do que imaginam.
“Se os alunos saírem achando que foram mal, que zeraram a redação… vou ser sincero: é muito comum. Muito mesmo”, afirmou. “Mas o problema é que essa ansiedade afeta demais o segundo dia de prova. O aluno passa a semana inteira revendo vídeos, lendo comentários e comparando a própria redação com a de influenciadores que nem são professores”, continuou.
De acordo com ele, as redes sociais ampliam a insegurança dos estudantes e interferem diretamente no psicológico. “Quanto mais esses youtubers e perfis fazem terrorismo, mais seguidores ganham. Só que o aluno fica ansioso, com autoestima baixa, e isso prejudica o desempenho na prova seguinte”, disse.
O professor ressalta que o tema de 2025, “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira” foi, na verdade, um dos mais tranquilos dos últimos anos. “O que a gente percebe é a dificuldade de interpretação, não de conteúdo. O aluno chega ansioso, olha o tema e trava. Mas, se ler com calma, vai ver que é um tema acessível, social, ligado ao cotidiano.”
Tony compara com a prova de 2018, que teve como tema ‘Manipulação do usuário pelo controle de dados na internet’. “Muito mais difícil. E ainda assim, os alunos produziram bons textos. A questão é que hoje existe uma cultura de autocrítica exagerada, de romantização da dor. Quanto mais o aluno diz que foi mal, mais ele acha que está dentro do grupo. Isso virou moda. O que os professores sérios deveriam fazer é justamente o contrário: reforçar a confiança”, diz.
A preocupação em ter “fugido do tema” também é um erro recorrente, mas o especialista explica que o Enem é mais flexível do que se imagina. “A questão do tangenciamento é muito relativa. Se o aluno usou uma palavra-chave similar ou um conceito próximo, o Enem aceita. Eles analisam as redações com base em amostras de todo o país e depois ajustam o que será considerado correto. Essa orientação só sai oficialmente no fim do mês”, explica. Segundo ele, muitos professores corrigem textos sem ter acesso aos critérios oficiais de avaliação definidos pelo Inep.
Para Tony, o mais importante neste momento é o aluno manter a calma e se afastar das redes sociais. “O que foi feito está feito. Agora é hora de focar nas 90 questões do segundo dia. Evitem vídeos e postagens de gente que quer apenas causar pânico. O Enem é um processo longo, e manter a cabeça fria é tão importante quanto saber o conteúdo”, aconselha. Ele conclui com um alerta otimista: “Quem sai achando que foi mal geralmente se surpreende. O importante agora é acreditar no que produziu e seguir firme para o próximo desafio”, completou.
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