Produtos chineses podem receber impulso com tarifaço de Trump

22 fevereiro 2025 às 15h33

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A possível guerra comercial entre EUA e China voltou a ganhar força após Donald Trump indicar novas tarifas sobre importações chinesas. O impacto pode ser global, e o Brasil pode se tornar um dos principais destinos para os produtos chineses, afetando a indústria nacional.
Em janeiro, Trump anunciou uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses, levando a China a retaliar com taxas mais altas sobre produtos americanos. Esse movimento pode abrir espaço para a China fortalecer relações comerciais com outros países, incluindo o Brasil.
De acordo com Marcos Jank, professor do Insper ao G1, a China já se preparava para uma nova guerra comercial e agora adota uma estratégia mais seletiva no comércio mundial. Em 2024, a China representou 24,2% das importações brasileiras.
Se esse número crescer, a indústria local enfrentará desafios significativos. A entrada de produtos chineses baratos pode reduzir os preços para os consumidores, mas também pressionar a indústria nacional.
Segundo Flávio Roscoe, presidente da FIEMG, o Brasil já enfrenta dumping de produtos chineses, o que prejudica a produção local. Os setores mais afetados incluem:
- Indústria de máquinas e equipamentos
- Setor têxtil e de confecção
- Indústria automobilística
José Velloso, presidente da Abimaq, destaca que, em 2024, o faturamento da indústria de máquinas caiu 8%, enquanto a importação de máquinas chinesas subiu 33%. Além do impacto comercial, a política de tarifas de Trump pode fortalecer o dólar, encarecendo as importações e afetando setores que dependem do crédito, como a indústria automobilística.
A possibilidade de inflação nos EUA pode forçar o Federal Reserve a subir os juros, afetando o Brasil e pressionando o Copom a manter taxas mais altas. A longo prazo, a maior entrada de produtos chineses pode acelerar a desindustrialização e aumentar o desemprego.
O setor de geradores eólicos, por exemplo, já reduziu o número de fabricantes no Brasil. Para Fernando Pimentel, presidente da Abit, o Brasil precisa fortalecer sua competitividade no mercado global para evitar impactos negativos.
Especialistas alertam para um cenário de instabilidade econômica global e um possível impacto negativo no Brasil. No entanto, há também oportunidades de fortalecer laços comerciais com outros países e aumentar a competitividade das exportações brasileiras.
Segundo Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, o momento exige cautela e estratégia para aproveitar as mudanças no cenário econômico mundial.
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