Em quase 200 anos, Waldemar Naves do Amaral foi eleito titular da Academia Nacional de Medicina, desde que foi fundada por Dom Pedro I em 1829. Com 40 anos de carreira em fecundação e reprodução, o médico ocupará a cadeira 75 da casa, com posse prevista para agosto. 

“É um ponto ápice da minha carreira. Chegar à casa de medicina é muito trabalhoso, então, essa condição me dá muita honraria e me deixa muito feliz pelo resultado. Representa um ponto máximo da minha carreira acadêmica, profissional, de médico, de acadêmico, docente, de educador”, afirmou ele em entrevista ao Jornal Opção.

É uma honra e, de alguma forma, também representa uma importância para o estado de Goiás. Para que realmente seja uma academia nacional, é preciso ter representação dos estados brasileiros.

Em todo o país, foi o primeiro a fazer uma transfusão intrauterina de sucesso, em 1988, 37 anos atrás. Waldemar foi o médico que fez a primeira transfusão intrauterina em caso de doença do fator Rh em uma mulher que já tinha perdido quatro bebês pela condição – quando o Rh do sangue da mãe e do bebê dentro da barriga são incompatíveis.

“Deu certo, fizemos cinco transições naquela grávida e nasceu uma criança que sobreviveu. Portanto, trouxe felicidade para aquela família. Esse foi um momento importante da carreira como pioneirismo”, disse. Waldemar também participou da primeira Fertilização In Vitro feita do Centro-Oeste, em 1992. 

Atualmente, ele também é professor e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), em ginecologia e obstetrícia. Além disso, é presidente da Academia Goiana de Medicina. Waldemar nasceu em Porangatu, e se formou na UFG, onde fez mestrado e doutorado. 

Goiano de nascimento, criação e formação, entende a importância de enfrentar um médico de São Paulo pela vaga na Academia. “O Rio de Janeiro foi capital do Brasil, é um estado importante culturalmente, academicamente, cientificamente. O estado de São Paulo é a locomotiva financeira do Brasil. Então, é normal que esses dois estados estejam, de alguma forma, liderando no país, inclusive a faixa acadêmica”, disse. 

Mas é preciso também que haja aberturas para estados pequenos, que também tem produção importante, produção de trabalho científico, produção na educação médica, produção na história da medicina do país. Cada estado tem a sua performance. E Goiás também têm importância grandiosa.

Agora, enquanto membro titular, Waldemar defende que Goiás precisa promover a educação médica continuada e estimular a pesquisa. “Precisamos estimular os mestres e doutores preocupados com a boa pesquisa, com a docência, para que a gente possa entregar a melhor formação médica possível para o mercado, para atender a nossa população o melhor possível”, afirmou.

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