Presidentes de principais comissões da Câmara ingressam em “grupo de blindagem” de vereadores para pressionar Prefeitura

31 julho 2025 às 16h18

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Os presidentes das principais comissões permanentes da Câmara Municipal de Goiânia estão entre os integrantes do grupo informal formado por cerca de 14 vereadores da base do prefeito Sandro Mabel (União Brasil). Apelidado nos bastidores de “grupo de blindagem”, os parlamentares tem se reunido desde fevereiro para discutir estratégias voltadas ao fortalecimento da Câmara e à pressão sobre o Paço Municipal.
Entre os integrantes do grupo está o presidente da comissão mais importante da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), vereador Luan Alves (MDB). Também fazem parte o presidente da Comissão Mista, vereador Cabo Senna (PRD), e o presidente da Comissão de Finanças, Orçamento e Economia (CFOE), vereador Welton Lemos (Solidariedade). As três comissões são consideras as principais do Legislativo.
Além deles, o grupo também conta com outros parlamentares que presidem comissões temáticas. O vereador Pedro Azulão Jr. (MDB) comanda a Comissão de Habitação, Urbanismo e Ordenamento Urbano (CHUOU); Daniela da Gilka (PRTB) preside a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC); Willian Veloso (PL) está à frente da Comissão das Pessoas com Deficiência e/ou Necessidades Especiais (CPPDNE); Geverson Abel (Republicanos) lidera a Comissão de Fiscalização do Transporte Público Coletivo (CFTPC); Lucas Vergílio (MDB) conduz a Comissão de Proteção, Direitos e Defesa dos Animais (CPDDA); e Léia Kleia (Podemos) dirige a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM). O grupo também inclui o líder do prefeito na Casa, vereador Igor Franco (MDB).
Situação
Com quase 40% das cadeiras no Parlamento, o grupo ainda não possui maioria no plenário. No entanto, aliado aos vereadores de oposição, pode obstruir a aprovação de matérias importantes para o Paço Municipal. Além disso, seus 14 membros são suficientes para rejeitar propostas que exigem quórum qualificado – ou seja, a aprovação por dois terços dos vereadores – como é o caso da votação de títulos de homenagem. Entretanto, o grupo conta com os presidentes das três principais comissões (CCJ, Comissão Mista e CFOE), além de deter a maioria entre os integrantes da CCJ, com 10 dos 14 membros.
Atualmente, o grupo é formado majoritariamente por vereadores da base aliada. No entanto, caso migrem para a oposição, o prefeito poderá enfrentar dificuldades para aprovar projetos na Câmara Municipal, com base nos espaços que os integrantes ocupam.
Motivação
Em conversa reservada com integrantes do grupo, eles relataram ao Jornal Opção que suas motivações incluem a insatisfação com o atendimento prestado pelo secretariado. Além disso, afirmam que não houve reciprocidade por parte da gestão, mesmo após o apoio oferecido durante as eleições. Os parlamentares consideram que o trabalho realizado para reverter a vantagem de Fred Rodrigues (PL) no segundo turno foi crucial para a vitória de Mabel, mas que não houve valorização por parte do prefeito.
Dessa forma, o objetivo central do grupo é fortalecer a Câmara de Goiânia e “blindá-la” contra possíveis interferências do Executivo – daí a referência ao “grupo de blindagem”. Há também rumores de que as movimentações visam conquistar mais espaços dentro da Prefeitura de Goiânia. Os vereadores continuam insatisfeitos com a atual cota de nomeações concedida pela gestão.
Um dos movimentos do grupo é a articulação para a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) com o objetivo de investigar possíveis irregularidades na prestação de serviços de limpeza urbana pelo Consórcio Limpa Gyn. Todos os integrantes assinaram o requerimento protocolado pelo vereador Cabo Senna (PRD) no início do mês.
Há também conversas de que os integrantes já estão conversando sobre a eleição para a presidência da Casa para o mandato do próximo biênio 2026 e 2027. O plano é que o próximo líder do Legislativo seja um membro do grupo.
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