Português que ofereceu 500 euros por “cabeças cortadas” de brasileiros já morou em Anápolis
04 setembro 2025 às 17h25

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O português João Oliveira, conhecido como “Pasteleiro Linçe”, que publicou um vídeo oferecendo 500 euros “pela cabeça” de brasileiros em Portugal, já morou em Anápolis. De acordo com registros em sua página no Facebook, ele teria se casado na cidade em 2011, antes de voltar para a Europa.
No sábado, 30, João publicou no TikTok um vídeo em que aparece dentro de um carro, exibindo uma nota de 500 euros e oferecendo a quantia para cada português que entregasse “a cabeça dos zucas cortada rente ao pescoço”. O termo “zuca” é uma abreviação de “brazuca”, usado de forma pejorativa contra brasileiros em Portugal.
“Já que é para esculhambar o português, então o português também tem que começar a usar as mesmas armas para esculhambar os zucas, essa raça maldita”.
Após a repercussão, o perfil foi colocado como privado, mas João continuou gravando vídeos ameaçando mulheres brasileiras e desafiando as polícias portuguesas, que foram marcadas por internautas indignados.
Além de Anápolis, registros de redes sociais mostram que João trabalhou em Genebra, na Suíça, em 2024. Já em Portugal, chegou a ser demitido de uma padaria em Aveiro em julho deste ano, após menos de uma semana de trabalho. Segundo o proprietário, Alberto Fonseca, a dispensa ocorreu por causa de “comportamentos agressivos contra colegas”.
No TikTok, o português também publica conteúdos de apoio ao partido de extrema direita Chega, que possui representação no Parlamento português.
Em Portugal, incitação ao ódio e à violência por motivo de origem, etnia ou nacionalidade é crime, previsto no artigo 240º do Código Penal, com penas que variam de seis meses a cinco anos de prisão. A Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou que o Núcleo de Cibercriminalidade identificou o autor e encaminhou o caso às autoridades judiciais.
A denúncia, inicialmente feita pela Hedflow Mídia no Instagram, já ultrapassou 450 mil visualizações. Personalidades como a atriz Luana Piovani, o comunicador Jones Manoel e o entregador antifascista Paulo Galo ajudaram a espalhar o vídeo.
O episódio ocorre em meio ao aumento expressivo de crimes de ódio em Portugal. Segundo relatório da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância, esses casos cresceram 200% entre 2019 e 2024.
Veja o vídeo
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