O USS Gerald R. Ford, maior porta-aviões do mundo, chegou nesta terça-feira, 11, à área de operações do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, que abrange o Caribe e parte da América do Sul. A movimentação elevou o clima de tensão entre Washington e Caracas, em meio a uma série de ataques americanos a embarcações consideradas “narcoterroristas” na costa venezuelana.

Poucas horas após o anúncio, o governo de Nicolás Maduro colocou as forças armadas em “alerta máximo”, ordenando a mobilização de tropas terrestres, navais e aéreas. O regime chavista declarou que o país está preparado para reagir a qualquer “agressão estrangeira”.

De acordo com o Pentágono, a presença do Gerald Ford na região faz parte de uma operação de vigilância e reforço da capacidade de resposta a ameaças no hemisfério ocidental. O porta-aviões opera acompanhado por uma frota de escolta e tem capacidade para transportar dezenas de caças. A embarcação se junta ao grupo de navios e aeronaves posicionados no Caribe e em Porto Rico, onde os Estados Unidos reativaram uma base militar desativada há mais de duas décadas.

Desde setembro, os Estados Unidos intensificaram suas ações no Caribe e no Pacífico, destruindo embarcações que, segundo o governo de Donald Trump, estariam envolvidas com o narcotráfico. As ofensivas deixaram ao menos 75 mortos e provocaram reações do governo venezuelano, que acusa Washington de usar o combate às drogas como pretexto para interferir nos assuntos internos do país e tentar desestabilizar o regime.

O Ministério da Defesa da Venezuela confirmou o desdobramento total das forças armadas, com unidades terrestres, fluviais e aéreas, além da mobilização da Milícia Bolivariana, composta por civis. Maduro alterna discursos de confronto e apelos por diálogo, enquanto reforça alianças com Rússia, China e Irã. Moscou já sinalizou que pode apoiar militarmente Caracas em caso de escalada de conflito.

Em Washington, Trump afirmou ter autorizado a CIA a atuar dentro da Venezuela e disse avaliar medidas mais duras, entre elas a ocupação de instalações petrolíferas sob controle do governo Maduro. Segundo ele, os Estados Unidos “usarão toda a força necessária” para garantir a segurança da região.

Enquanto uma ala da Casa Branca defende uma resposta militar direta, outros setores do governo americano tentam conter uma escalada que possa resultar em confronto aberto.

A crise também preocupa líderes europeus. Durante a cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada na segunda-feira, 10, os chefes de Estado pediram “garantias de segurança marítima e estabilidade regional”, sem citar diretamente os Estados Unidos.

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