Por que as big techs são contra o Pix?

18 julho 2025 às 15h46

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Nos últimos dias o Pix ficou em evidência nos Estados Unidos. O país abriu investigação para apurar supostas irregularidades na adoção do Pix, método de pagamento mais popular no Brasil. Por trás dessa ofensiva estaria o interesse de grandes empresas de tecnologia do país.
A medida, anunciada pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), afirma que o pix poderia estar prejudicando empresas americanas que atuam no setor de pagamentos. O órgão afirmou que o Brasil “parece envolver-se em uma série de práticas desleais em relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a promover seu serviço de pagamento eletrônico desenvolvido pelo governo”.
A investigação começou após ordem do presidente do país, Donald Trump. Ele havia mencionado o método em carta divulgada na última semana, em que ameaçou impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Trump afirmou, também, que Bolsonaro estaria sendo alvo de um processo judicial que ele classificou como uma “caça às bruxas” e um suposto déficit na relação comercial entre Brasil e os Estados Unidos, que o governo brasileiro nega.
O pix foi desenvolvido na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e lançado em 2020, na gestão Bolsonaro (PL). Hoje, ele é usado por mais de 170 milhões de brasileiros.
Especialistas afirmaram, à BBC Brasil, que as medidas visam proteger as big techs e serviços de pagamentos americanos. “Estamos falando aqui de uma competição tecnológica, onde os EUA visam tirar qualquer tipo de tecnologia que possa oferecer algum tipo de inovação e que não esteja sendo gerida dentro do próprio país ou que não esteja sob controle dos EUA”, diz Bruna Martins dos Santos, gerente de políticas e advocacy da Witness, organização internacional sem fins lucrativos focada em tecnologia e direitos humanos.
“A gente sabe que o Pix é um método de pagamento extremamente inovador e relevante para o contexto brasileiro, com grandes níveis de adesão. De nenhuma maneira ele deveria ser visto como uma prática desleal de serviço de pagamento eletrônico.”
A maior prejudicada, sendo especialistas, é a Meta, que tentou lançar, em 2020, o WhatsApp Pay. A plataforma permitiria pagamentos por meio do aplicativo, em parceria com a empresa Cielo. No mesmo ano o Pix foi lançado pelo Banco Central.
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