Polícia cumpre mandados após áudios explosivos ligarem irmã de Milei a esquema de corrupção

23 agosto 2025 às 08h47

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A Polícia da Cidade de Buenos Aires cumpriu nesta sexta-feira, 22, 14 mandados de busca em meio às investigações sobre um esquema de propinas que envolve pessoas próximas ao presidente da Argentina, Javier Milei. A operação foi deflagrada após o vazamento de áudios atribuídos ao advogado Diego Spagnuolo, ex-diretor da Agência Nacional de Deficiência (Andis), nos quais ele afirma que Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, estaria diretamente envolvida nas cobranças ilegais.
Nas gravações, Spagnuolo — que já atuou como advogado pessoal de Milei e deixou o comando da Andis após o escândalo — diz ter alertado o presidente sobre os desvios. “Javier, você sabe que estão roubando, que a sua irmã está roubando”, afirma em um dos trechos. Em outra parte, reforça: “Eu disse que estou denunciando todos os roubos e que lá embaixo tenho gente pedindo dinheiro. Estão roubando, você pode fingir que não vê, mas não jogue esse fardo nas minhas costas. Eu tenho todos os WhatsApps da Karina”.
Segundo os áudios, a distribuidora de medicamentos Suizo Argentina exigia 8% de propina de fornecedores para garantir contratos com o Estado. Do total, 3% seriam destinados a Karina Milei. O esquema também envolveria Eduardo Menem, subsecretário de Gestão, apontado como padrinho político de nomeações ligadas ao caso. Estima-se que a operação movimentasse entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão por mês.
As buscas ocorreram na sede da Andis, na farmacêutica Suizo Argentina e em residências de investigados, incluindo a do empresário Emmanuel Kovalivker, dono da distribuidora. A polícia apreendeu quase US$ 200 mil em espécie, além de computadores, documentos e contratos. Também foram encontrados envelopes com grande quantidade de dólares em um veículo ligado a Kovalivker.
O Ministério Público ainda não pediu a prisão de envolvidos, mas prioriza a coleta de provas documentais e digitais que possam confirmar a existência de um esquema estruturado de corrupção dentro do governo.
O caso estoura em um momento de fragilidade política para Milei, que enfrenta sucessivas derrotas no Congresso. Até agora, nem Spagnuolo nem a Casa Rosada desmentiram o conteúdo dos áudios que colocam a irmã do presidente no centro de uma crise de corrupção.
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