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Estudo da Fundação do Câncer de 2024 mostrou que mais de 28,6 mil pessoas morreram no país em decorrência deste tipo do Câncer de Pulmão, a segunda neoplasia mais incidente no mundo. Comumente vinculado ao tabagismo e à população idosa, apresenta um desafio: o aumento de casos entre pessoas mais jovens, inclusive não fumantes.

A pneumologista e gerente médica do Instituto de Neurologia de Goiânia (ING), Leticia Ferreira Neves, explica que o câncer de pulmão é uma neoplasia maligna que se origina nas células do próprio pulmão e apresenta comportamento agressivo, com rápida progressão, especialmente se não diagnosticado precocemente.

“O tabagismo ainda é o principal fator de risco, incluindo o fumo passivo. No entanto, há outros elementos envolvidos. Além do cigarro, a exposição à poluição atmosférica, substâncias inalatórias tóxicas em ambientes de trabalho e mutações genéticas familiares também aumentam o risco de desenvolver a doença”, afirma Neves.

A médica alerta sobre a necessidade de observar sinais, mesmo que sutis. “Os sintomas, geralmente sutis no início, podem passar despercebidos. A tosse persistente é um dos primeiros sinais. Com o avanço da doença, podem surgir falta de ar, dor torácica, expectoração e emagrecimento. O problema é que, por estarem em fase produtiva da vida, os jovens muitas vezes negligenciam esses sinais”, diz.

Exames

Segundo a especialista, os exames de imagem, como a radiografia e a tomografia do tórax, são eficazes para levantar a suspeita clínica. A confirmação se dá por meio da biópsia. Além disso, a detecção precoce pode fazer toda a diferença no tratamento e na sobrevida do paciente”, explica Leticia, que reitera: quem nunca fumou, mas tem histórico familiar da doença deve adotar medidas preventivas.

“Essas pessoas precisam evitar ambientes com fumaça de cigarro e poluição, usar equipamentos de proteção no trabalho quando necessário e manter hábitos saudáveis. Além disso, devem procurar atendimento médico se notarem sintomas respiratórios, mesmo que leves”, orienta a médica.

A pneumologista reforça a importância da prevenção e da consciência coletiva pois o câncer de pulmão é uma doença prevenível na grande maioria das vezes.

“Devemos ser persistentes na busca de um ambiente saudável para nós e aqueles que estão ao nosso redor. Precisamos proteger nossas crianças e adolescentes da exposição ao tabagismo e esclarecer a população, de forma contínua, sobre os fatores de risco e os modismos que levam ao contato com o cigarro”, ressalta.

E completa: “É essencial termos consciência das nossas escolhas, que influenciam diretamente na construção de um meio ambiente mais saudável e sustentável”, finaliza Leticia Ferreira Neves.

Tabaco em queda, álcool em alta

Entre 2006 e 2023, o tabagismo diminuiu entre os brasileiros, o excesso de peso e a obesidade aumentaram e mais mulheres passaram a beber álcool. A prevalência desses fatores, considerados de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como doenças cardíacas e cânceres, foi avaliada por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da ACT Promoção da Saúde e do Ministério da Saúde.

O estudo, publicado em 25 de junho na Revista Brasileira de Epidemiologia, acompanhou as tendências dos principais fatores de risco, de proteção e das morbidades associadas às DCNTs em adultos das capitais brasileiras. Foram analisados dados do Vigitel, inquérito telefônico nacional, abrangendo informações de mais de 800 mil entrevistas ao longo do período.

De acordo com os resultados, a prevalência de tabagismo caiu de 12,4% para 7,2% entre as mulheres e de 19,3% para 11,7% entre os homens. Por outro lado, o excesso de peso entre mulheres saltou de 38,5% em 2006 para 59,6% em 2023, enquanto entre homens subiu de 47,6% para 63,4%. O consumo abusivo de álcool mais do que dobrou entre as mulheres, passando de 7,7% para 15,2% no período, enquanto entre homens se manteve estável (em torno de 25%). O estudo também identificou que a prática de atividade física no lazer cresceu de 22,1% para 36,2% entre as mulheres, e de 39% para 45,8% entre os homens.